O PT e os movimentos sociais transformaram em limonada o limão da antecipação do julgamento do recurso do ex-presidente Lula no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4). A agenda para estes dias que antecedem a análise da apelação e a mobilização prevista para o dia 24 funcionam como um palanque para a campanha eleitoral. Contando com os recursos possíveis no caso de o TRF4 referendar a condenação, o partido já decidiu que Lula será candidato, independentemente do resultado do julgamento, e fará um ato de reafirmação da candidatura no dia 25, em São Paulo.
A estratégia de comunicação não é centrada apenas nas redes sociais, onde a expressão “com Lula em Poa” virou site, perfil no Twitter e no Facebook e canal no YouTube. Inclui entrevistas coletivas e individuais para veículos nacionais e estrangeiros, publicação de artigos na mídia tradicional e em sites dentro e fora do país.
O ex-ministro Alexandre Padilha, vice-presidente nacional do PT, coordena a organização das atividades, que têm nome composto: “pela democracia e pelo direito de Lula ser candidato”. Estão previstos um seminário internacional e um ato de juristas e intelectuais, no dia 22, encontro de mulheres, manifestação contra o Fórum Econômico de Davos, marcha e ato cultural no dia 23 e uma vigília no dia 24.
No material de divulgação, o local anunciado para a vigília é o “Parque da Harmonia”, mas todo o entorno do TRF4 deverá ser isolado. O mais provável é que essa manifestação seja autorizada no Anfiteatro Pôr do Sol, à beira do Guaíba.
Em diferentes pontos da Capital, um grupo batizado de “Bloco da Democracia” vem fazendo performances artísticas e convidando a população para as atividades da próxima semana. Esse grupo é formado por estudantes, membros do Levante Popular da Juventude e movimentos de desempregados, sem terra, pequenos agricultores e assentados de barragens.
Panfletos estão sendo distribuídos com chamadas para a programação dos dias 22, 23 e 24. Nesses folhetos, aparece uma foto do ex-presidente cercado de jovens e a pergunta “cadê a prova contra Lula?”. O verso contém um texto dividido em seis pontos, sustentando a inocência de Lula e atacando o juiz Sergio Moro, pela sentença, e o TRF4 por apressar a apreciação do recurso.
O mantra dos líderes petistas é que eleição sem Lula é fraude e que ele foi condenado sem provas. Diz o texto que “o processo é uma farsa jurídica montada por setores conservadores que querem tirar Lula das próximas eleições”.
Quem diz que Lula não pode concorrer se a condenação for mantida em segunda instância é a Lei da Ficha Limpa, mas essa o PT vai questionar lá em agosto, se o Tribunal Superior negar o registro da candidatura. Na fase atual, a estratégia é de exposição máxima e de ocupação de espaço. Na prática, a campanha começou ainda em 2017.