Com um feriadão pela frente, a semana deve ser marcada pela nova denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer. Janot já deu sinais de que apresentará a peça em seus derradeiros dias no comando do Ministério Público Federal – ele só tem mais nove dias úteis no cargo. A expectativa, no mundo jurídico e nos bastidores da política, é de que o faça entre hoje e quarta-feira, véspera do Dia da Independência.
Se a denúncia for confirmada, será o principal assunto da Semana da Pátria no Brasil, mas ofuscado pelo agravamento da tensão no mundo diante do anúncio da Coreia do Norte de que desenvolveu uma bomba de hidrogênio de "grande poder destrutivo".
Mesmo que o ditador Kim Jong-un esteja blefando, o fato de a Coreia ter feito mais um teste nuclear na madrugada de domingo deixou o mundo em suspense e esse é o grande destaque da semana em matéria de política internacional.
A menos que Janot tenha guardado na manga a sua versão metafórica da bomba H de Kim Jong-un, a eventual denúncia contra Temer será um assunto paroquial, com jeito de coisa vista. Porque tem o Congresso na mão, Temer conseguiu o arquivamento da primeira denúncia na Câmara.
Nada indica que sua base, mesmo desgastada, vá dar prosseguimento à próxima se ela for construída com os elementos já conhecidos: o encontro e as gravações de Joesley Batista e a delação do doleiro Lúcio Funaro. O problema é quanto vai custar ao país neutralizar pela segunda vez os deputados que apoiam o governo na base do toma lá dá cá.
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Da China, onde está em missão oficial, Temer teve de passar por mais uma humilhação no fim de semana. Ganhou as manchetes dos sites de notícias a declaração de Joesley Batista chamando-o de "ladrão-geral da República". Foi uma resposta de Joesley à nota do Palácio do Planalto, divulgada na sexta-feira à noite, em que o dono da JBS era chamado de "grampeador-geral da República".
A nota do Planalto deve ser interpretada como uma espécie de vacina para o que virá na delação do doleiro Lúcio Funaro, definido no texto como "criminoso notório e perigoso", que "foi preso há um ano também por ameaçar de morte seus ex-parceiros comerciais".
A combinação entre a viagem de Temer à China, o feriadão e a expectativa de apresentação da denúncia tornam praticamente impossível a votação de qualquer matéria relevante no Congresso nesta semana.
ALIÁS
Correndo contra o tempo, é improvável que o Congresso aprove até o início de outubro alguma mudança significativa nas regras para a eleição de 2018. Isso significa que o eleitor, a Justiça e os próprios concorrentes terão de ficar muito atentos para o uso de caixa 2 nas campanhas.