Sem os 342 votos necessários para avalizar a denúncia por corrupção passiva contra Michel Temer na Câmara, a oposição estuda registrar a presença em plenário o mais tarde possível. A intenção é protelar a hora em que os deputados anunciam no microfone sua posição – a sessão será transmitida pela TV aberta.
Com o resultado já posto, as atenções se voltarão para o quórum necessário para se iniciar o trâmite, de 342 parlamentares. Parte dos deputados da oposição quer vir até a Câmara, mas não oficializar a presença.
A ideia é deixar nas mãos do governo o preenchimento do quórum. Se a base conseguir, aí os oposicionistas registrariam seu comparecimento. Adepta ao "quanto pior, melhor", parte da bancada do PT em Brasília avalia que deixar o presidente sangrando até 2018 garantiria a vitória de Lula (se for candidato) nas próximas eleições. O líder do PT, Carlos Zarattini (SP), nega.
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Aliados de Michel Temer repetem que é interesse dos contrários ao governo reunir presença necessária para iniciar a votação da denúncia.
– A oposição que tenta inverter esse resultado terá que colocar quórum, terá que colocar os 342 votos – disse nesta terça-feira o ministro Eliseu Padilha.
Se o Planalto estivesse tranquilo, não teria exonerado 11 dos 12 ministros que hoje têm mandato na Câmara e não teria se reunido incessantemente durante o recesso e na véspera da sessão com parlamentares de todas as vertentes. Temer quer que o assunto seja encerrado hoje para que o discurso de normalidade se torne um pouco mais concreto.
Mesmo que ocorra o arquivamento da primeira denúncia, o descanso da base governista não será longo. Estão por vir novas acusações do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente, por organização criminosa e obstrução da Justiça. A tropa do Planalto também não está livre da delação de Lúcio Funaro, prestes a ser finalizada e entregue à força-tarefa que cuida da Operação Lava-Jato. O doleiro operava para Eduardo Cunha e foi pivô da prisão de Geddel Vieira Lima, ex-ministro e amigo de Temer.