A segunda leva de nomes da lista do procurador Rodrigo Janot não chega a ser surpresa: de uma forma ou de outra, todos os nomes vazados nesta quarta-feira já haviam aparecido em delações premiadas ou nas investigações da Polícia Federal. O caráter multipartidário do esquema investigado na Operação Lava-Jato mostra que nas últimas campanhas o que o Brasil mais viu foi o roto atacando o esfarrapado.
No segundo capítulo, aparecem políticos de sete partidos: PT, PMDB, PSDB, DEM, PTB, PSB e PRB. E não são nomes do segundo time. Há mais um ministro de Michel Temer para juntar-se aos cinco do primeiro dia. Agora é Marcos Pereira (PRB), titular da Indústria e Comércio Exterior. Há governadores, ex-governadores, senadores, deputados, ex-ministros e ex-assessores do Palácio do Planalto, alguns deles conhecidos pelos discursos exaltados contra a corrupção. No listão aparece Paulo Skaf, o homem dos patinhos amarelos, candidato derrotado do PMDB ao governo de São Paulo, presidente da poderosa Fiesp.
Lá está a senadora Marta Suplicy, que trocou o PT pelo PMDB, para se dissociar do governo de Dilma Rousseff, do qual foi ministra. A seu lado, o aguerrido Lindbergh Farias (PT-RJ), o líder cara-pintada que ganhou notoriedade como líder estudantil no governo de Fernando Collor e foi uma das vozes mais potentes na defesa de Dilma no processo de impeachment.
Eclética também é a nominata de governadores que aparecem na lista dos que deverão ser investigados: o herdeiro de Renan Calheiros, Renan Filho (PMDB), de Alagoas, Luiz Fernando Pezão (PMDB), do Rio de Janeiro, Fernando Pimentel (PT), de Minas Gerais, Tião Viana (PT), do Acre, e Beto Richa (PSDB), do Paraná.
Como estava escrito nas estrelas há alguns meses, o gaúcho Marco Maia (PT) entrou no radar do procurador-geral. Citado em delações, Maia sempre negou envolvimento em irregularidades, mas nunca conseguiu explicar direito os sinais exteriores de riqueza que intrigam até os companheiros de partido.
Na categoria dos óbvios não poderiam faltar o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Cunha e Cabral estão presos.