Prevista para hoje, a entrega da segunda lista do procurador Rodrigo Janot coincide com o retorno do ministro Eliseu Padilha à Casa Civil, depois da licença médica para uma cirurgia de retirada da próstata. Padilha, que deve constar da lista de autoridades com foro privilegiado a quem o Ministério Público Federal quer investigar, reassume fragilizado pelas delações de ex-executivos da Odebrecht que o colocam como receptor de pelos menos R$ 4 milhões de caixa 2 para o PMDB.
Nos dias em que permaneceu em Porto Alegre, Padilha não falou. Para justificar o voto de silêncio, disse (e é difícil acreditar) que por recomendação médica não estava lendo jornal, assistindo TV nem ouvindo rádio. O ministro foi uma das personagens mais citadas nos últimos dias. Há, dentro e fora do PMDB, movimentos para convencer o presidente Michel Temer a livrar-se do seu braço direito, como se isso resolvesse os problemas do governo.
Pelo critério que estabeleceu, Temer não demitirá Padilha. Só o afastará, em caráter temporário, se ele for denunciado. E só demitirá o chefe da Casa Civil se a denúncia for aceita e ele se tornar réu. A outra possibilidade aventada é de Padilha pedir demissão alegando necessidade de cuidar da saúde, hipótese que o ministro nunca admitiu. Ontem, questionado se reassumiria nesta segunda-feira, o ministro foi outra vez lacônico: “Sim. Reassumo”.
A cautela com as palavras antes de conversar pessoalmente com Temer tem explicação: a íntegra das delações só será conhecida quando cair o sigilo. Parte significativa deve ser conhecida hoje ou amanhã.
No fim de semana, foi publicada no jornal O Estado de S.Paulo uma reportagem com detalhes de pagamentos feitos ao ministro por emissários da Odebrecht. Em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na sexta-feira, o ex-executivo José de Carvalho Filho contou que a Odebrecht deu a Padilha quatro senhas para o pagamento de caixa 2 ao PMDB. As senhas eram Foguete, Árvore, Morango e Pinguim.