A partir de 2017, a Câmara terá três vereadores em cada extremo do arco ideológico. À esquerda, os três eleitos do PSOL: a campeã de votos, Fernanda Melchionna, Roberto Robaina e o Professor Alex Fraga. Na outra ponta, empunhando a bandeira do liberalismo e das privatizações que o PSOL rejeita, três representantes de partidos diferentes, mas com as mesmas convicções: Ramiro Rosário (PSDB), Ricardo Gomes (PP) e Felipe Camozzato (Novo).
Quem disse que os opostos não têm alguma coisa em comum? Robaina e Ramiro, por exemplo, têm a mesma resposta para a pergunta sobre qual é o maior problema social de Porto Alegre: a habitação. A solução para o problema, portanto, é diferente. Ramiro avalia que o problema pode ser resolvido com a desburocratização de processos e com a participação financeira do governo federal. Já Robaina afirma que a pressão e a mobilização da população pode fazer com que novas casas sejam colocadas pela prefeitura à disposição da população.
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Os dois grupos também rechaçam o loteamento partidário de cargos e a corrupção e combatem o desvio de dinheiro público.
Melchionna não encontra identidade entre os discursos do PSOL e dos liberais. Camozzato discorda:
– Políticos do PSOL identificam muito bem que temos um cartel do transporte público na cidade e são favoráveis ao Uber. A maneira do PSOL de solucionar esses problemas é muito ruim. Querem que o Estado tenha mais interferência sobre as empresas ou que a prefeitura tenha estatais para fazer esse serviço.
A vereadora e seus companheiros de partido não concordam com o “estado mínimo” defendido pelos colegas:
– Tem gente que gosta de estado mínimo quando ele é para o povo. E gosta de estado máximo quando é para os ricos. Chamam isso de liberalismo, eu chamo de oportunismo.
Ambos os lados defendem que é necessário mobilizar a sociedade para pautas importantes e para o bem comum. Alex Fraga, que é professor na rede pública de ensino, apostará na pressão da participação popular para melhorar a qualidade da educação na cidade. Ricardo, Ramiro e Camozzato garantiram atuar na Câmara sem amarras político-partidárias.
– Se projetos do PSOL são para o bem comum, se o projeto for bom, ele será apoiado. Se for ruim, será rejeitado – afirma o vereador eleito pelo PP.