A pesquisa do Ibope que mostra a persistência da baixa popularidade do presidente Michel Temer é um obstáculo a mais à aprovação das reformas prometidas quando assumiu como interino. Um mês depois de virar titular, Temer não conseguiu conquistar a confiança dos eleitores. Ainda que dentro da margem de erro, os índices pioraram em comparação com a pesquisa realizada em junho pelo Ibope, a pedido da Confederação Nacional da Indústria.
Em junho, 31% aprovavam e 53% desaprovavam a maneira de Temer governar. Agora, 28% aprovam e 55% reprovam o governo. A confiança no presidente também variou dentro da margem de erro, que é de dois pontos percentuais: subiu de 66% para 68% o índice dos que não confiam no presidente. Só 14% consideram o governo Temer bom ou ótimo, enquanto 39% o avaliam como ruim ou péssimo.
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O levantamento do Ibope retrata a impopularidade do governo no momento em que o Planalto tenta aprovar o teto dos gastos públicos, um dos pilares do ajuste fiscal do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
Sem apoio popular, será difícil para Temer convencer a base aliada a enfrentar o desgaste da reforma da Previdência, que havia sido prometida para antes da eleição e agora está prevista para chegar ao Congresso depois do segundo turno. Na semana passada, em Porto Alegre, o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, reafirmou a necessidade da reforma da Previdência, mas não foi categórico em relação a prazos. A ideia do governo é conquistar primeiro o apoio das centrais sindicais, tarefa de gincana diante da resistência dos trabalhadores à fixação da idade mínima de 65 anos para a aposentadoria.
A credibilidade de Temer poderá sofrer um novo abalo com a provável confirmação, nesta quarta-feira, do deputado federal Marx Beltrão (PMDB-AL) como ministro do Turismo. O problema é que Beltrão, indicado pela bancada do PMDB na Câmara e apoiado pelo senador Renan Calheiros, é réu no Supremo Tribunal Federal, acusado de falsidade ideológica. Se antes do impeachment Temer demitiu o amigo Romero Jucá, citado na delação premiada de Sérgio Machado, agora está prestes a ceder porque a bancada do seu partido ameaça retaliar o governo em votações importantes.
Aliás
Deputados do PMDB não escondem a euforia: o desgaste do governador José Ivo Sartori e do presidente Michel Temer não prejudicou o partido na eleição municipal.