
A brasileira Letícia Schaefer e o suíço Luca Schaefer tinham como sonho trabalhar no Vaticano. Ela foi voluntária durante a visita do papa Francisco ao Brasil, em 2013. Ele era guarda suíço, membro das forças armadas da Santa Sé. Encontraram-se servindo ao Papa. Quando decidiram casar, na Igreja de Santo Estêvão dos Abissínios, que fica dentro dos muros do Vaticano, resolveram convidar ninguém menos do que Francisco.
— Mandamos um convite para o papa dizendo: "Muito obrigado pela sua vocação, querendo te servir, nos conhecemos e, agora, está formando uma família. E vamos casar na frente da sua casa, e o senhor está convidado" — escreveram.
Letícia, que atua na Pontifícias Obras Missionárias (POM) — instituição da Santa Sé que atua na evangelização de novas igrejas particulares —, lembra que, à época, pensou que o Papa não iria aceitar.
— Ele aceitou e veio no nosso casamento.
Os encontros e conversas se tornaram comuns. Quando os filhos do casal nasceram, Francisco os abençoou. Depois, a cada aniversário do casamento, o Papa costumava ligar para Letícia.
— Ele falava em português. A última vez foi no ano passado. Eu estava indo à missa com as crianças, quando vi que havia uma chamada. Ele falou: "Letícia". Eu falei: "Santidade". Ele disse: "Você reconhece minha voz?" Veja a humildade... Como alguém poderia não reconhecer a voz dele — relembra.
Segundo a brasileira, nessas ocasiões, Francisco perguntava quantos filhos o casal tinha e quais idiomas estavam falando.
No dia 21, quando Francisco morreu, ela conta que estava assistindo a um documentário sobre educação. Chamou Luca para ver um episódio sobre autonomia das crianças. Foi quando, nas redes sociais, viu a notícia.
— Foi um golpe no meu coração. Eu chorei desde então. Estou desidratada — contou.
O casal e os filhos, Joaquim, Georg e Aurora, se deslocaram de Berna, na Suíça, onde moram, para Roma, para acompanhar a despedida.