
Pela primeira vez em 13 anos, Porto Alegre voltou a utilizar carvão ativado no tratamento de água potável.
Essa é uma medida drástica para minimizar o gosto e o cheiro ruins do líquido que sai das torneiras dos porto-alegrenses. Por enquanto, a ação está restrita aos sistemas São João e Moinhos de Vento, considerados os mais críticos porque têm pontos de captação localizados muito próximos ao rio Gravataí, o manancial mais afetado pela estiagem.
Esses dois complexos atendem 56 bairros e localidades de Porto Alegre, entre eles Moinhos de Vento, Centro Histórico, Menino Deus, Azenha e Petrópolis. Cerca de 650 mil consumidores recebem água desses dois sistemas.

Conforme o diretor-presidente do Dmae, Bruno Vanuzzi, nos últimos meses, o órgão trabalhou em busca da alternativa mais adequada para essa região, considerando estudos científicos.
O carvão ativado era utilizado em todas as Estações de Tratamento de Água (ETAs) de Porto Alegre até 2012, quando a técnica foi substituída pela aplicação de dióxido de cloro. Os insumos agem de forma diferente: enquanto o carvão ativado atua por um fenômeno físico de adsorção dos compostos odoríferos, o dióxido de cloro age de forma química para reduzir as alterações sensoriais na água.
A operação com dióxido de cloro é mais simples, logo mais barata, mais rápida e envolve menos servidores.

Cerca de 7,2 toneladas de carvão ativado serão utilizadas por dia nas Estações de Bombeamento de Água Bruta (Ebabs) São João e Moinhos de Vento. Como o número de queixas é baixo nos demais sistemas (Menino Deus, Tristeza, Belém Novo e Ilhas), o Dmae manterá nesses locais a aplicação da dose de 1,2ppm de dióxido de cloro.
Os moradores não devem sentir gosto ou cheiro diferente - além, claro, da melhora dos aspectos sensoriais. O carvão é usado na estação de bombeamento. Depois, a água vai para a estação de tratamento, onde ocorre todo o processo padrão, deixando-a própria para o consumo.
Como funciona
Para ser usado no tratamento da água, o carvão ativado é despejado em um tanque de água, onde ocorre processo de agitação para manter o produto em suspensão. Essa mistura é colocada gradualmente junto à água bruta. Posteriormente, o volume segue em direção às ETAs para a sequência do tratamento, dentro dos padrões habituais.
As alterações de gosto de odor na água são causadas por duas substâncias: geosmina e 2-metilisoborneol (MIB). As substâncias são inertes e inofensivas ao ser humano, mas produzem odor e gosto semelhantes ao de terra. Esse fenômeno costuma ocorrer no verão, quando há redução natural do nível do Guaíba. Na estação mais quente do ano, a água também apresenta menos turbulência, o que também contribui para a mudança das características do manancial.
Ao todo, são realizadas 2,4 mil análises diárias da água de Porto Alegre - tanto no manancial, quanto nas estações de tratamento e em pontos estratégicos da distribuição.
Bairros e locais abastecidos pelo Sistema São João
Jardim Planalto, Passo das Pedras, Costa e Silva, Parque Santa Fé, Chácara das Pedras, Três Figueiras, Rubem Berta, Protásio Alves, Loteamento Timbaúva, Jardim Leopoldina, Jardim Ipu, Alto Petrópolis, Mário Quintana, Chácara da Fumaça, Vila Safira, Sarandi, Morro Santana, Jardim Itu, Jardim Sabará, Cristo Redentor, Passo da Areia, Jardim Lindoia, Boa Vista, Vila Ipiranga, Vila Floresta, São Sebastião, Anchieta, Auxiliadora, Higienópolis, Humaitá, São Pedro, Navegantes, São Geraldo, São João e Vila Farrapos.
Bairros e locais abastecidos pelo Sistema Moinhos de Vento
Auxiliadora, Azenha, Bela Vista, Bom Fim, Centro Histórico, Cidade Baixa, Farroupilha, Floresta, Independência, Jardim Botânico, Menino Deus, Moinhos de Vento, Montserrat, Partenon, Petrópolis, Praia de Belas, Rio Branco, Santa Cecília, Santana, São João e Três Figueiras.