
O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
As ruas de Buenos Aires, capital da Argentina, viveram um caos nesta quarta-feira (12) após uma manifestação de aposentados por reajustes dos benefícios. A situação "degringolou" após torcidas organizadas se juntarem ao grupo inicial e assim gerar um grande "quebra-quebra" em confronto com a polícia.
Porém, o governo de Javier Milei tinha conhecimento da manifestação, já que faz parte de uma de série e protestos semanais que acontece há anos pela capital argentina. Os aposentados reivindicam reajuste nas pensões.
O grande motivador é a queda do valor das aposentadorias em contrapartida ao aumento do custo de vida. Atualmente, o benefício mínimo da Argentina é o equivalente US$ 227 (R$ 1.319). O valor da cesta básica hoje no país dos "hermanos" fica equivalente a US$ 283 (R$ 1.644), ou seja, US$ 56 (R$ 325) a mais do que o valor recebido.
No Brasil, o benefício mínimo fica em US$261 (R$ 1.518). Ainda por aqui, de acordo com dados divulgados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) nesta segunda-feira (10), a cesta mais cara é a de São Paulo, ficando em US$ 191 (equivalente a R$ 860,53).
Outro motivo foi a tentativa de Milei de realizar cortes drásticos nos gastos públicos, fato que afetou principalmente os idosos — cerca de 30% dos cortes foram sobre os idosos, diminuindo o valor dos benefícios. Além disso, as aposentadorias foram ajustadas com um índice abaixo da inflação, ou seja, perderam poder de compra. Por fim, Milei está promovendo uma reforma previdenciária que pode levar à diminuição do valor das aposentadorias para novas gerações.
Mais um detalhe é a política de liberalização dos preços do governo argentino praticamente dobrou os custos dos medicamentos e serviços essenciais em um ano.
Na manifestação de quarta-feira, pelo menos 103 manifestantes foram presos e 20 pessoas ficaram feridas. Os atos foram reprimidos com violência pelas forças de segurança, que utilizaram inclusive gás lacrimogêneo e força física. A mobilização foi uma das maiores neste período de um ano e três meses de Javier Milei no governo.