Em seu discurso de posse, Donald Trump começou e terminou o pronunciamento decretando que "a era de ouro dos Estados Unidos começa agora". No entanto, a julgar por suas palavras, o que começa nesta segunda-feira (20) assemelha-se ao retorno da América à Idade Média.
Em itens como imigração, gênero, ambiente, relações internacionais e globalização, o presidente que volta ao poder demonstrou total desprezo pelos avanços da sociedade contemporânea e escancarou um nativismo que poucas vezes se viu no século 21.
Como relação à migração, afirmou que assinaria ordem decretando "emergência nacional" na fronteira Sul, prometendo "mandar milhões de imigrantes e criminosos de volta aos lugares de onde vieram" e "começar a a política do 'fique no México'.
Trump ignora que a história dos EUA é feita de migrantes que vieram de várias partes do mundo para erigir a América.
Em outro tema, alinhado à sua lógica binária, o novo presidente estabeleceu que, "a partir de hoje, vai ser política governamental apenas dois gêneros: masculino e feminino".
Enquanto o mundo caminha para o uso de energia limpa, redução do uso de combustíveis fósseis e menos emissões de gases do efeito estufa para uma sociedade que equilibre desenvolvimento econômico e respeito ao ambiente, Trump defendeu "vender mais petróleo e gás" e em acabar com o que chamou de "lei mandatória dos carros elétricos":
- O ouro líquido que está sob nossos pés nos ajudará a chegar lá.
Também fez aflorar um dos lados mais condenáveis da história americana, o colonialismo, ao prometer retomar o Canal do Panamá.
- O canal foi dado de forma muito tola para a Panamá, um presente que nunca deveria ter sido dado. A promessa foi quebrada: nossos barcos e navios estão sendo tarifados, e isso inclui a marinha americana. A China está operando o Canal do Panamá. E vamos pegar de volta o canal do Panamá - afirmou.
Em outro arroubo nacionalista, para não dizer xenófobo, afirmou que pretende trocar o nome do Golfo do México por Golfo da América.
Em um mundo cada vez mais interconectado e globalizado, Trump promete erguer muros econômicos.
- Vamos taxar países para proteger nossos cidadãos - afirmou.
Ele invocou a defesa da liberdade em várias ocasiões, mas, diante dos barões das big techs, que abraçaram o trumpismo não por ideologia, mas para se livrar de regulamentações, acabou fincando a bandeira do "tudo é permitido" nas redes.