A justificativa para Donald Trump mudar o local da cerimônia de posse, na segunda-feira (19), é o frio intenso desses dias em Washington. Com previsão de temperaturas negativas, os atos foram transferidos das escadarias do Capitólio para a Rotunda, a área arredondada do prédio do Congresso, coberta pelo domo e que separa os dois plenários - a Câmara e o Senado.
A ordem partiu de Trump, conforme ele próprio explicou na rede social Truth Social: "Há uma explosão Ártica varrendo o país. Não quero ver pessoas machucadas. São condições perigosas para as dezenas de milhares de policiais, socorristas, e até cavalos e centenas de milhares de apoiadores que ficarão do lado de fora por muitas horas no dia 20 (em qualquer caso, se você decidir vir, vista-se bem!)”.
Temperaturas abaixo de zero são tradição no período da "Inauguration" (como os americanos chamam a cerimônia de posse presidencial). Em 2009, como enviado do Grupo RBS para cobrir a chegada de Barack Obama à Casa Branca, os termômetros marcavam -2ºC. A sensação térmica, porém, era bem mais baixa, perto dos -10ºC.
A última posse presidencial realizada em local fechado foi há exatos 40 anos: no segundo mandato de Ronald Reagan, em 21 de janeiro de 1985, também devido ao frio. A temperatura em Washington naquele dia era de -13ºC às 12h.
Com a mudança de local, Trump evita, além do frio seco de Washington, dois eventuais riscos. Primeiro previne-se de um atentado. O republicano foi alvo de duas tentativas de assassinato nos últimos meses. Pouco antes da eleição, quase foi atingido por um tiro na cabeça, que passou de raspão. A polarização e a violência política tornam o evento deste ano de alto risco. O ambiente fechado do Capitólio é, obviamente, mais controlado do que a imensa esplanada verde da capital, o famoso National Mall.
A segunda profilaxia é midiática: em 2017, quando assumiu pela primeira vez, Trump comprou briga com as emissoras de TV imediatamente após a posse porque elas comparavam as imagens com a cerimônia de Obama. Na do republicano havia bem menos gente. Tempos depois, uma investigação revelou que um fotógrafo do governo chegou a editar as fotos da posse para parecer que havia mais espectadores. Dessa vez, Trump não precisará se preocupar com isso.