O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
Na data em que marca os 10 anos do ataque terrorista sofrido pela redação da revista satírica francesa Charlie Hebdo — nesta terça-feira (7)—, o veículo publicou um dia antes, na segunda-feira (6), uma edição especial para marcar o episódio, um dos mais terríveis contra um veículo de comunicação na história recente.
A capa é assinada pelo chargista e diretor da revista, Riss, que escreve a manchete: "inabalável" (ou "indestrutível", em tradução livre). A charge também mostra um leitor sentado sobre um fuzil, sorrindo e lendo a revista.
— A sátira tem uma virtude que nos ajudou a superar estes anos trágicos: o otimismo. Se alguém quer rir é porque quer viver. O riso, a ironia e a charge são manifestações de otimismo. Não importa o que aconteça, seja trágico ou feliz, a vontade de rir nunca desaparecerá — disse Riss no editorial da edição.
Na edição especial, a Charlie Hebdo publica também os resultados de uma pesquisa realizada em junho de 2024, que apurou que 76% dos franceses consideram que "a liberdade de expressão é um direito fundamental e que a liberdade de criar charges faz parte desse direito".
A pesquisa também mostra que 62% dos entrevistados são favoráveis ao "direito de criticar de forma provocativa uma crença, símbolo ou dogma religioso". Por outro lado, ao responderem sobre outra pergunta, 62% das pessoas ouvidas acreditam que "não dá para rir de tudo".
O exemplar também conta com quase 40 charges de artistas de 28 países sobre Deus.
Relembre o caso
No dia 7 de janeiro de 2015, Said e Cherif Kouachi, irmãos franceses de origem argelina que juraram lealdade à rede terrorista Al-Qaeda, realizaram um ataque a redação da revista, que deixou 12 mortos, incluindo oito membros da redação.
A Charlie Hebdo, fundada em 1970, é conhecida por sátiras e charges de cunho político e religioso, tratando de assuntos internacionais. A revista tem sido alvo de ameaças jihadistas desde a publicação de charges de Maomé em 2006.
O ataque gerou uma comoção internacional e deu origem a um slogan de apoio chamado de: "Je suis Charlie", na tradução "Todos somos Charlie".