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Não é bom para o mundo em geral e para a Europa em particular que as duas maiores potências do bloco estejam em crise, principalmente no momento que a guerra entre Rússia e Ucrânia se aproxima de um momento decisivo e às vésperas da posse de Donald Trump, um presidente que costuma deixar na mão os aliados do Velho Continente.
Em 9 de junho, Emmanuel Macron resolveu dissolver a Assembleia Nacional e convocou eleições legislativas antecipadas. A decisão ocorreu depois que a ultradireia conquistou quase um terço dos votos dos franceses nas eleições para o Parlamento Europeu, superando significativamente a aliança centrista de Macron. Em uma manobra suicida, ele tentou reverter o frágil apoio no parlamento francês, onde seu campo de centro-direita tinha o maior número de assentos, mas não a maioria absoluta, o que dificultava o avanço dos projetos. As eleições legislativas, porém, foram um tiro no pé.
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Na Alemanha, o parlamento declarou que não confiava mais em seu chanceler na segunda-feira (16), deflagrando eleições marcadas para 23 de fevereiro. A coalizão que matinha Olaf Scholz no poder implodiu.
Uma Europa enfraquecida interessa, por certo, à Rússia. Mas a ironia é que as duas crises foram provocadas pelos próprios governos francês e alemão. Macron e Scholz apostaram alto. Confiaram demais em si. E perderam.