Há várias formas de aferir a capacidade de um candidato a cargo público, seja ele prefeito, vereador, governador, deputado, senador ou o presidente da República: um dos modelos são as entrevistas, que nos últimos anos têm se tornado mais incisivas — afinal, nesses 39 anos de democracia brasileira, o público está cansado de respostas vazias ou promessas descoladas das realidades dos orçamentos. É nelas que, nós, jornalistas, estamos preocupados mais com o "como fazer" do que com "o que fazer". Há também o horário eleitoral; o acompanhamento do dia a dia do candidato, em persona; a análise de seus planos de governo; e, mais recentemente, sua interatividade nas redes sociais.
Nenhum método, no entanto, é tão valioso para o eleitor quanto o debate. Em francês, "débat" tem o sentido de controvérsia, querela. E é isso mesmo: é quando o candidato está sem filtro, desprovido do apoio de assessores e, em geral, municiado apenas de alguns rabiscos em uma folha em branco. O candidato está só com sua inteligência, experiência, preparo, mas também ansiedades, temores e constrangimentos.
Debates alavancam campanhas ou as detonam: um exemplo recente foi o duelo na CNN com Donald Trump em que ficou exposta em rede nacional a decadência cognitiva do presidente Joe Biden. A História é pródiga em grandes duelos: JFK x Nixon, em 1960, Lula e Collor, em 1989, e Bolsonaro x Lula, em 2022, para ficarmos em alguns.
A capacidade retórica ajuda, mas o candidato precisa tomar cuidado para não se tornar demasiado professoral, o que afasta o público - era um problema de Barack Obama, por exemplo. O marketing político se encarrega de escolher as cores das roupas, a aparência, de acordo com a mensagem que o candidato deseja passar.
Mas o que importa, no final das contas, é mesmo o que o candidato tem a dizer, o conhecimento sobre a cidade que almeja governar, sua capacidade de refletir sob pressão, de ouvir o adversário, evitar provocações e, ao fim, explicar suas ideias para lidar com orçamentos escassos.
Nessa esquina determinante da História do Rio Grande do Sul, poucas vezes os debates foram tão importantes - além da questão ambiental, quem ousa querer o voto dos cidadãos precisa encontrar saídas criativas para a saúde e a segurança, naquilo que lhes cabe como gestores municipais, mas também para o ensino infantil, o transporte público, o lixo, a mobilidade, entre outros temas urgentes. Em tempos de muita gritaria nas redes sociais, onde as falas se resumem às bolhas, os debates eleitorais, por trazerem a público o contraditório, se tornam fundamentais.
Hoje, a partir das 8h10min, na Rádio Gaúcha, com transmissão no site e no YouTube de GZH, o encontro entre os pré-candidatos à prefeitura de Porto Alegre será um desses momentos imperdíveis.
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