Liderado pelo general gaúcho Carlos Alberto dos Santos Cruz, um grupo de especialistas fez um alerta ao secretário-geral da ONU, António Guterres: as forças de paz da organização estão muitas vezes mal preparadas e precariamente equipadas. O número de soldados mortos voltou a subir: 195 morreram nos últimos cinco anos, 56 delas apenas em 2017, o pior balanço desde 1994.
O ataque mais violento aconteceu em 7 de dezembro do ano passado na República Democrática do Congo, quando 15 capacetes azuis morreram e outros 43 ficaram feridos em uma emboscada dos rebeldes muçulmanos.
As missões africanas, as maiores da instituição, são as mais vulneráveis. Veja o números de militares da ONU mortos desde 2013:
Mali – 91 militares mortos
República Centro-africana – 29 mortos
Darfur – 26 mortos
República Democrática do Congo – 25 mortos
Sudão do Sul – 13 mortos
Um dos mais experientes militares brasileiros, o general Santos Cruz, natural de Rio Grande, comandou a missão de paz no Haiti e no Congo e atualmente é secretário Nacional de Segurança Pública. O documento acrescenta que os capacetes azuis costumam ficar "na defensiva", em vez de serem "proativos" para "identificar as ameaças e neutralizá-las". Diante desses problemas e do risco de que o governo americano corte parte do orçamento, os especialistas recomendam – entre outras coisas – identificar as tropas problemáticas e realizar "testes surpresas" para comprovar a preparação dos militares.
O Ministério da Defesa brasileiro analisa o envio de um contingente militar para a República Centro-Africana. A decisão é política. Se depender dos militares, há interesse. Mas o envio esbarra em questões orçamentárias em tempos de crise.