Em 2009, ouvi, em Honduras, pequeno país da América Central imerso em uma crise institucional para a qual o Brasil havia sido sugado naquela época, uma expressão que me marcou. Entre marchas e contramarchas diárias, ataques contra nós, jornalistas, eu tentava, em Tegucigalpa, entender o golpe que tirara do poder Manuel Zelaya, na ocasião refugiado na embaixada brasileira. Os adversários do presidente deposto diziam que, ao tentar convocar um plebiscito para ampliar seu mandato, ele havia atentado contra a Constituição e suas cláusulas pétreas. Por isso, na visão dos golpistas, não eram eles que estavam tirando o presidente do poder senão o próprio que havia se "autoanulado".
América Latina
Dias piores virão na Venezuela
"Autoanulação", "defesa do Estado de Direito" e como as palavras podem ser usadas em benefício próprio, no caso para justificar atitudes autoritárias
Rodrigo Lopes
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