O Sanatório Partenon, que atende tuberculosos na zona leste de Porto Alegre, tem um andar só para homens e outro só para mulheres – ao todo, são cerca de cem leitos, mas apenas 23 estavam ocupados nesta terça-feira (16).
O governo do Estado, a quem pertence o hospital, diz que 50 desses leitos estarão disponíveis, nos próximos dias, para pacientes com covid-19. A estratégia é simples: juntar no andar de baixo os homens e mulheres com tuberculose e, no andar de cima, isolar as pessoas com coronavírus.
Alguém dirá que é um absurdo tantos leitos ociosos serem deslocados apenas agora para a pandemia. Não é tão simples. Porque, no caso do Sanatório Partenon, estamos falando de leitos de enfermaria – ou seja, de pacientes com quadro clínico leve ou moderado. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, só agora esse tipo de atendimento começa a mostrar necessidade de ampliação no Rio Grande do Sul.
Também na terça, 83% dos 7.436 leitos de enfermaria para pacientes com covid estavam ocupados no Estado. É muito, mas ainda há cerca de 1,3 mil leitos livres. Já no caso das UTIs – que recebem pacientes em estado grave ou crítico –, a ocupação era de 110%. Desde o início da pandemia, o maior gargalo sempre foram as UTIs. E é nas UTIs que as pessoas mais morrem.
Mas, no ritmo atual, com cada vez mais gente chegando aos hospitais, o governo do Estado e a prefeitura da Capital correm para evitar um colapso também nas enfermarias – isso ainda parece distante de ocorrer, mas, caso virasse realidade, poderíamos ter cenas dantescas de pessoas morrendo nas ruas, como se viu em outros Estados e países.
O lado bom é que a Capital tem uma rede hospitalar invejável, com leitos sobrando em hospitais que não podem ser esquecidos – caso do Sanatório Partenon.