No primeiro dia em que voltou ao trabalho, no mês passado, o empresário Luiz Debize encasquetou com a máscara: pediu à filha que fizesse uma foto sua, sem o pano cobrindo o rosto, para usá-la num crachá pendurado no pescoço.
– Achei que seria mais fácil para os clientes me reconhecerem. E as pessoas gostaram tanto que comecei a vender – conta seu Luiz, 83 anos, que administra há 26 uma gráfica na Rua Celeste Gobato, no bairro Praia de Belas.
Dentro do envelope de plástico, ele leva três fotografias de tamanho 10 por 15. Cada uma com um figurino – de camiseta, para os dias de calor; de colete, para quando esfria; e de terno e gravata, para ocasiões solenes. Conforme o ambiente, seu Luiz vai trocando a foto de cima.
– Mas quem mais procura é o pessoal do comércio. Tem gente que pede uns cinco, para si mesmo e para os funcionários, aí fica a equipe inteira de crachá – afirma ele, que em três semanas já vendeu mais de 40.
E, segundo o empresário, uma boa foto estampada no peito ajuda também no flerte. Divorciado e pai de quatro filhos, seu Luiz garante que a foto já lhe rendeu cantada no supermercado – aliás, para aprimorar a sedução, ele agora pretende ler O Poder do Charme, livro que um cliente deixou na gráfica para fazer cópias.
– Vamos ver o que diz. Porque, modéstia à parte, já tenho meus encantos – informa ele.
Com Rossana Ruschel
