
Visto de fora, parece um muro de tijolos invadindo a rua – o que tem feito pedestres e motoristas torcerem o nariz. Mas o parklet recém-inaugurado na Rua João Telles, em dos pontos de maior agitação noturna do Bom Fim, tem méritos inegáveis: é ecologicamente correto, exibe uma placa de energia solar e sua construção ajudou pessoas de baixa renda.
Como não é de madeira – material mais frequente nessas estruturas que lembram deques –, o novo parklet tem dividido opiniões. Nas redes sociais, houve críticas à estética "pesada demais", que passaria uma impressão de isolamento daquela área. "Pra mim, resultou numa barreira. Não curti", disse um dos críticos de Instagram.
– Antes mesmo de terminar o projeto, as pessoas já bombardeiam. Fiquei chateado com algumas reações – lamenta João Henrique Martins, sócio do Josephyna's, bar que encabeçou a iniciativa ao lado da lancheria Sim Sala Bim.
João Henrique lembra que a estrutura estará mais integrada à paisagem até o fim de janeiro: além de um canteiro de plantas no topo da mureta, o parklet vai ganhar uma pintura de um artista local. E o pergolado de metal receberá trepadeiras em breve.

Segundo os idealizadores, trata-se do primeiro parklet sustentável da cidade. A utilização do material alternativo, autorizada pela EPTC, tem como justificativa a maior durabilidade – madeira desgasta muito com a chuva –, e, principalmente, incentivar o trabalho da ONG Solidariedade. A entidade ensina gente de baixa renda a fabricar blocos de concreto com restos de obras.
– Estamos explicando para todos que o uso desse material ajuda pessoas – diz João Henrique.
Para completar, os bancos do parklet são de plástico reciclado e a energia para carregar celular – há duas entradas USB dentro da estrutura – vem de uma pequena placa solar. Enquanto a pintura e a vegetação não chegam, não dá para negar que a intenção já é bem bonita.

Com Jéssica Rebeca Weber