Zero Hora cometeu um equívoco, na edição de sexta-feira, ao estampar em chamada de capa que Israel recebeu os corpos de "quatro reféns falecidos em cativeiro". O que ocorreu, na verdade, foi a entrega dos corpos de quatro pessoas assassinadas pelo grupo terrorista Hamas, após serem sequestradas no infame ataque de 7 de outubro de 2023 e levadas para a Faixa de Gaza. Acontecimentos devem ser definidos pelos termos corretos. Não foram vidas que simplesmente expiraram, mas mortes causadas pela violência e pela crueza de extremistas que não hesitam em massacrar quem quer que seja para alcançar seus objetivos ideológicos e políticos.
Incidente confirma que uma paz duradoura na região depende do alijamento do Hamas do controle sobre Gaza
O acordo de cessar-fogo firmado em janeiro previa a troca de reféns inocentes capturados em 2023 por prisioneiros palestinos mantidos encarcerados por Israel. Sem pudores, os membros do Hamas já vinham transformando a libertação dos apanhados mantidos vivos em espetáculos grotescos de propaganda e humilhação. Neste episódio de quinta-feira, porém, chegou-se ao ápice da crueldade, com a exposição em regozijo dos caixões em público. O ato foi classificado como "abominável" pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. A Cruz Vermelha também condenou firmemente a encenação, lembrando que a devolução de restos mortais, se realizada com um mínimo de humanidade, deveria ser feita com respeito aos mortos e aos enlutados. Foi uma perversidade chocante, mas talvez não surpreendente. A malignidade demonstrada pelo Hamas nada mais foi do que uma demonstração do que seus membros são capazes de cometer em nome da sua causa de ódio a Israel.
Shiri Bibas, 32 anos, e os filhos Kfir, de oito meses, e Ariel, de quatro anos, além de Oded Lifshitz, 83 anos, um ativista pela paz, estavam entre os cerca de 250 sequestrados pelo Hamas em outubro de 2023. Os quatro foram levados do kibutz Nir Oz, durante o ataque do Hamas contra o território israelense. Três dos quatro corpos tiveram a identidade atestada, mas os restos que seriam de Shiri Bibas não são da mãe das duas crianças, confirmou o exército de Israel. São uma família e um país dilacerados, que seguem à espera de uma despedida adequada de seus entes queridos.
Espera-se que o episódio não volte a desencadear a guerra na Faixa de Gaza, provocada pela selvagem investida do grupo terrorista há 16 meses, que deixou 1,2 mil mortos - entre eles, crianças, mulheres e idosos indefesos. O ataque desencadeou uma óbvia resposta de Israel, na defesa de seu direito de existir. Um conflito que, como todo confronto bélico, tem excessos e faz vítimas inocentes. Muitas delas são palestinas, empregadas como escudo pelo Hamas, que, em desrespeito ao valor da vida, não titubeia em sacrificar o seu próprio povo em prol da sua causa. A guerra que eles causaram, sabendo que haveria reação israelense, é prova dessa indiferença.
O acontecimento da última quinta-feira torna a demonstrar a brutalidade dos terroristas e confirma que uma paz duradoura na região depende do alijamento do Hamas do controle sobre Gaza. A solução mais viável para a convivência harmoniosa entre israelenses e palestinos tem como base a construção do respeito mútuo entre os dois povos. Trata-se de um objetivo que deve ser buscado de forma incansável, com o apoio da comunidade internacional. Esta saída, no entanto, depende do fim do domínio do Hamas no enclave, uma vez que o grupo tem como princípio fundador a busca pela extinção de Israel. Não é possível construir a desejada coexistência pacífica se, em uma das partes que deveriam buscar o consenso, reina o arbítrio de um movimento sanguinário que nega o direito de o outro existir.