A rápida transição demográfica em curso, com o envelhecimento da população gaúcha, exige que o Estado acelere a busca por um salto na qualidade da educação. É algo mandatório, se o Rio Grande do Sul quiser manter e ampliar o seu peso econômico no Brasil nas próximas décadas. Ter menos crianças e jovens obriga a dar condições para que as novas gerações aprendam mais na escola. Assim, poderão ser mais produtivas, inovadoras, conscientes, preparadas para empreender e para as exigências de um mercado de trabalho que passa por transformações frenéticas, impulsionadas pelo avanço tecnológico.
A revolução educacional necessária para o Rio Grande do Sul depende de um projeto consistente que perdure
Guinadas consistentes não se produzem de um dia para o outro. Deve-se mirar um horizonte de anos à frente, para que as propostas comecem a se mostrar efetivas e as transformações esperadas se materializem. Este é o sentido da Agenda da Educação 2025–2035, apresentada na terça-feira pelo governo gaúcho. Como os resultados aguardados demoram, deve-se começar a persegui-los desde já com políticas públicas robustas e acompanhamento atento da sociedade.
As metas miradas buscam retirar o Estado das posições intermediárias nos rankings do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), para levá-lo a ficar entre as três melhores notas do Brasil em 10 anos. O Ideb, principal instrumento de avaliação da aprendizagem no país, mede o desempenho escolar nos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental e no término do Ensino Médio. Hoje, os estudantes gaúchos estão entre o nono e o 11º lugares, muito aquém do potencial e das necessidades do Estado.
Para alcançar estes propósitos, o governo gaúcho traçou estratégias e objetivos que incluem a melhora da aprendizagem, a redução das desigualdades educacionais, o ingresso e a conclusão do ciclo escolar nas idades certas, a ampliação da atratividade das escolas, a qualificação e o engajamento dos professores, a melhoria da gestão e o uso de ferramentas de inteligência artificial. Serão combatidas deficiências conhecidas, como os altos índices de evasão, em especial no Ensino Médio, e de reprovação. Algumas políticas já estão em andamento, como os programas de auxílio financeiro para que adolescentes de baixa renda no Ensino Médio permaneçam na sala de aula e o de formação de professores.
Fazem sentido os questionamentos sobre o fato de um governo que tem menos de dois anos pela frente ter traçado metas para uma década. Com a habitual alternância de poder no Estado, não há garantia de que as próximas administrações manterão as ideias da gestão Eduardo Leite. Mas ter uma das melhores educações do Brasil deve ser um objetivo da coletividade gaúcha, e não de um ou outro governante de ocasião.
O Rio Grande do Sul já perdeu tempo demais. Os últimos anos, com crise nas finanças, pandemia e enchentes, foram de desafios adicionais significativos. Espera-se que o plano apresentado entregue os avanços possíveis até o final de 2026 e os futuros governos, independentemente da linha programática, se atenham apenas ao mérito das propostas, ainda que corrijam o que se mostrar necessário. A revolução educacional necessária depende de um projeto consistente que perdure. Como uma política de Estado, que perpasse diferentes governos. Mudar tudo a cada quatro anos só levará o Rio Grande do Sul a permanecer onde está.