
Metade das meninas e adolescentes salvadorenhas grávidas são forçadas a se casar com seus parceiros, acabando com suas chances de estudar, assinala um relatório da ONU. Uma média de 69 crianças e adolescentes entre 10 e 17 anos ficam grávidas todos os dias neste país, das quais 55% vivem em união de fato e apenas 7,1% são casadas. "Entretanto, metade dessas uniões são tidas como forçadas, de acordo com o relatado por elas", advertiu estudo do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).
Segundo a pesquisadora Paula Martes, a maioria dessas meninas pertence aos setores social e economicamente "mais desfavorecidos".
O representante do UNFPA em El Salvador, Hugo González, disse que o estudo "evidencia qual é a situação que essas meninas estão vivendo e como a união precoce e a maternidade as colocam em uma situação lamentável de violência, pobreza e falta de acesso ao exercício de seus direitos".
"A ocorrência de uniões nesse segmento constitui clara violação dos direitos fundamentais, evidenciada pelo fato de que 5 em cada 10 (meninas) informam ser vítimas de algum tipo de violência dentro da relação", adverte o estudo.
Em virtude da "interrupção precoce" do processo educativo, a média de escolaridade dessas meninas é de apenas 5,7 anos e, devido às condições de pobreza, algumas procuram trabalho ainda que 7 em cada 10 sejam "inativas".
O estudo foi feito com uma amostragem de 424 crianças e adolescentes que fizeram o parto em 2012. As participantes da pesquisa, segundo o UNFPA, provêm de um ambiente com "alta vulnerabilidade de seus direitos, evidenciado pelo fato de que 13% foram vítimas de violência sexual, número que aumenta para 38% nas meninas entre 10 e 12 anos". Na maioria dos casos, o agressor é um membro de sua família, principalmente pais, padrastos, tios e primos.