Cercada pela Justiça, que a investiga por desvio de recursos públicos, Lucía Hiriart, viúva do ditador chileno Augusto Pinochet, teve que deixar para trás a amargo aposentadoria pública em que se mantinha nos últimos anos após a morte de seu marido em 2006. Aos 93 anos, Hiriart voltou a enfrentar acusações de apropriação de bens públicos e fraude após denúncias públicas de negócios imobiliários da fundação Cema-Chile, da qual era presidente vitalícia.
Criada durante a ditadura para capacitar donas de casa para pequenos trabalhos, a fundação buscava dar apoio popular ao regime, com centenas de sedes ao longo do Chile. Mas, após o fim da ditadura, foi perdendo seu caráter social e se converteu em um lucrativo negócio imobiliário que beneficiou Lucía Hiriart e sua família, em um valor ainda não quantificado oficialmente - mas é que calculado pela imprensa em US$ 8 milhões.
A Cema-Chile teria custeado parte da defesa de Pinochet quando ele esteve preso em Londres, entre outubro de 1998 e março de 2000.