Os coordenadores do Mercosul voltarão a se reunir em Montevidéu no dia 2 de setembro, sem a presença de qualquer representante da Venezuela, para preparar a reunião do bloco com a União Europeia (UE) em outubro, informou o chanceler interino do Paraguai, Rigoberto Gauto.
- Os coordenadores foram convocados para analisar, com a equipe técnica, a preparação da reunião com a UE em outubro - disse Gauto.
Trata-se de dar prosseguimento aos contatos dentro das negociações entre os dois blocos visando um acordo de livre comércio.
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Sobre a questão da auto-proclamação venezuelana como sede da presidência pro tempore do Mercosul, Gauto disse que os chanceleres de Brasil, Argentina e Paraguai tomarão uma decisão nos próximos dias.
Afirmou ele:
- Espera-se que os chanceleres tomem uma decisão diante desta situação de crise envolvendo a Venezuela. Aos chanceleres corresponde tomar uma decisão.
Perguntado sobre a postura assumida pelo Uruguai a favor do governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, o paraguaio apenas disse:
- Respeitamos mas não compartilhamos isso.
Sobre a atitude de Maduro de convocar reunião do Mercosul em Montevidéu à qual não assistiram Brasil, Argentina e Paraguai, Gauto avaliou que o governo venezuelano talvez busque "algum tipo de reconhecimento internacional".
- Eles não podem, neste âmbito, tomar qualquer decisão. Além do mais, se realmente exercessem a presidência pro tempore, o normal seria que as reuniões ocorressem em Caracas e não em Montevidéu - afirmou o chanceler paraguaio.
Pela lógica do cronograma vinculado à ordem alfabética, seria a vez de a Venezuela, depois do Uruguai, ocupar a presidência pro tempore do Mercosul. Ocorre que a Venezuela, em profunda crise socioeconômica, política e institucional, não é vista como uma democracia pelos seus pares. Também não cumpriu requisitos para justificar sua recente adesão ao bloco (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai são os sócios fundadores). Sendo assim, há um impasse a respeito de ela não apenas presidir, mas também integrar o bloco regional.
Em relação à UE, um detalhe: assim como era a Argentina sob os governos de Néstor e Cristina Kirchner, a Venezuela chavista mantinha posição refratária à aproximação com os europeus. O Mercosul, agora, tende a uma linha mais pragmática no aspecto comercial. As decisões necessitam da unanimidade.