Em sua cruzada para expulsar os carros das ruas da cidade, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, comprou uma briga com o todo-poderoso Bernard Arnault, dono do grupo de luxo LVMH e segunda fortuna da França (atrás apenas de Liliane Bettencourt, da L’Oréal). Tudo por causa de seu projeto que reserva um trecho das vias às margens do Rio Sena, na rive droite – na parte norte –, exclusivamente aos pedestres.
A ideia de Hidalgo é fechar definitivamente o tráfego de veículos no local logo após a edição deste ano da Paris Plage, a praia artificial da capital francesa, no término do verão europeu. Arnault teme que a medida prejudique a circulação nas adjacências do histórico e secular prédio art déco da loja Samaritaine, atualmente em obras para se transformar, ao final de 2018, em um suntuoso hotel de 72 quartos, da grife Cheval Blanc, e comprometa seu investimento de cerca de 500 milhões de euros.
Também em 2018, no mês de outubro, está prevista a inauguração no número 52 da avenida de Champs-Elysées de uma loja das Galeries Lafayette, instituição do comércio parisiense criada em 1893 e bem conhecida dos turistas brasileiros. O edifício de 28 mil metros quadrados, igualmente de estilo art déco dos anos 1930, pertence a um fundo de investimentos do Catar. A loja ocupará 9 mil metros quadrados em quatro níveis, subsolo incluído.
Antes disso, no entanto, o mítico Hotel Ritz, de propriedade do bilionário egípcio Mohammed Al-Fayed, fechado desde agosto de 2012 para renovação, reabrirá suas portas em junho deste ano, numa reinauguração adiada por causa de um incêndio em janeiro passado. Será também a ocasião de relembrar a agitada história do grand palace parisiense e de seus ilustres hóspedes, como Ernest Hemingway, Marcel Proust, Coco Chanel ou Scott Fitzgerald.
O chefe e o Brasil
O belo cenário do restaurante do Hotel Meurice, capitaneado por Alain Ducasse, acolheu no dia 21 o principal jantar parisiense da segunda edição do Goût de France/Good France: um dia para celebrar a gastronomia francesa no mundo, iniciativa do Ministério das Relações Exteriores francês com grandes chefs. Cerca de 1,7 mil restaurantes nos cinco continentes propuseram um típico menu francês. O Brasil, com 90 estabelecimentos, foi o terceiro país em número de inscritos, atrás da Polônia e da França.
Ducasse viajará ao Brasil em junho. Verificará a seleção de cacau para a fabricação de seus reputados chocolates. Ele não desistiu de um antigo projeto: abrir um restaurante em solo brasileiro.
– O projeto está, por enquanto, apenas hibernado. Não avançou, mas também não recuou – garantiu.
O estrelado chef possui seu próprio lema em relação à aventura gastronômica brasileira:
– Não estou com pressa. Eu me apresso lentamente.
Na estante
Três franceses fizeram um hercúleo trabalho livresco. O crítico de história em quadrinhos Vincent Bernière pariu As 100 Mais Belas Páginas da HQ Erótica (Beaux Arts éditions): explicações referenciais de cinema, da literatura ou da história da arte sobre a concepção artística de uma página considerada como chef d’ouvre de autores como Milo Manara e Guido Crepax.
Já Philippe Margotin e Jean-Michel Guesdon lançaram Bob Dylan – La Totale (éditions du Chêne/EPA): 704 páginas de texto e farta ilustração com minuciosas análises de um total de 492 canções de um dos maiores nomes da música.