D’Alessandro se despede e com ele, neste domingo (17), vai embora um ciclo da história colorada. Com o argentino, o Inter conquistou sua primeira Sul-Americana e sua segunda Libertadores. Estabeleceu uma impressionante hegemonia regional tendo o camisa dez como protagonista. 

Esteve perto de conquistar Copa do Brasil e Brasileirão, foi vice-campeão. Em 2016, como um profeta, D’Alessandro decidiu se afastar no início da temporada. Passou temporada no River Plate como se voltasse ao ninho, viu de longe o patético rebaixamento colorado. Como só os gigantes fazem, retornou ao Inter para jogar a segunda divisão e topou não ser titular absoluto. 

Participou do acesso e foi tendo contribuições cada vez mais pontuais. Era a passagem do tempo que agora se materializa no adeus. O que D’Alessandro não imaginava era se despedir em meio a uma crise sem precedentes desde a volta do Inter à primeira divisão. Se titular contra o Fortaleza, o ídolo que sai de cena tentará ajudar seu time a uma vitória que só aliviaria a crise sem resolvê-la. 

Caso entre no decorrer da partida, corre o risco de ingressar no olho do furacão com pouca chance de evitá-lo. O Inter entra em campo neste domingo como nau à deriva. Não há rumo, só incerteza e enorme pavor de um segundo rebaixamento. Inseguros, os jogadores jogam menos do que podem. Vacilantes, os dirigentes não fazem ideia do caminho a seguir.

Atônita, a torcida observa e dá sinais de exaustão, o que pode se traduzir em ausência no estádio ou, pior, em deserção do quadro social, o que levaria a uma sangria financeira. O Inter está fora da lista de candidatos ao título do Brasileirão. Faz parte do grupo de times que abre o campeonato jogando para evitar proximidade do Z-4. 

Na Sul-Americana, o quadro não é melhor, já que só um se classifica. Em meio a tempestade, D’Alessandro talvez esteja pensando na hora em que irá a campo pela última vez. Será em plena reversão de expectativa, não há margem para clima festivo. Com a elegância que sempre caracterizou seu futebol, D’Ale deve estar pronto para tudo. Inclusive para o pior.