O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, está decidido a encontrar um novo modelo de gestão para o Complexo Cultural do Porto Seco, com estruturas fixas que permitam eventos além do Carnaval. No Rio de Janeiro, o prefeito fez uma visita guiada, nesta segunda-feira, (26) ao sambódromo da Marquês de Sapucaí em busca de inspiração. É claro que são eventos incomparáveis em termos de dimensão. Mas Melo está convicto de que a festa tem crescido a cada ano na capital gaúcha, e que parceria com a iniciativa privada poderá transformar o Porto Seco.
— Na origem, como vereador, eu tinha contrariedade à ida do Carnaval para o Porto Seco. Mas passaram-se 20 anos e é uma realidade que está lá. Os galpões foram construídos, já estão desgastados. Está na hora de termos uma governança que olhe para uma estrutura definitiva. Não apenas para o Carnaval, mas que possa ser o ano todo e possa estar interligada com outras políticas da região — disse Melo à coluna.
A visita à Sapucaí ocorre em meio a outras agendas no Rio, que incluem reuniões para tratativas de empréstimos junto ao BNDES e o trâmite para a doação definitiva do prédio da Usina do Gasômetro pela Eletrobras. Um dos aspectos que despertam interesse para o futuro do Carnaval de Porto Alegre está ligado à participação da iniciativa privada no financiamento das escolas de samba. Hoje, quase todo o custo é pago com dinheiro público.
— A economia criativa depende o ano todo. Hoje, a prefeitura banca o fomento para que se compre alegoria, roupa, calçado. Tudo isso vem do patrocínio público e tem que mudar. Eu quero entrar neste debate com o setor empresarial. A cultura popular, seja ela qual for, merece o apoio — acrescentou.
Também nesta segunda, em meio a outras agendas em São Paulo, a secretária de parcerias da prefeitura, Ana Maria Pellini, foi visitar o sambódromo do Anhembi. São realidade distintas, enfatiza Melo, mas que servem de modelo. Além de arquibancadas fixas, Porto Alegre discutirá a viabilidade da instalação de outras estruturas, como escolas, unidade de saúde e espaço para estacionamento.
— Isso não se constrói da noite para o dia. Mas mais importante é definir a estrutura de governança. Se o poder público ficar com isso na mão, não vai dar certo. A gente pode colocar recursos, mas a gestão precisa ficar com o poder privado. Nada se copia e cola, eu sei que aqui tem escola que funciona todo ano, tem show o ano todo. Nós temos que criar uma modelagem de Porto Alegre. Temos que ver o que existe, ouvir dentro e fora de Porto Alegre e tomar uma decisão — pontuou.
Atualmente, a arquibancada do sambódromo precisa ser montada a cada edição do Carnaval. O investimento da prefeitura para a estrutura provisória foi de R$ 3 milhões neste ano. Ao todo, foram quase R$ 10 milhões em investimentos públicos. O evento reuniu em torno de 20 mil pessoas nas duas noites de desfile.