O dólar já vinha mais calminho depois da poderosa injeção de cerca de US$ 23 bilhões acumulada em seis dias pelo Banco Central (BC) quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva resolveu falar. Por volta as 15h, publicou um vídeo entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do BC a partir de amanhã, Gabriel Galípolo.
O dólar recuou ainda mais e chegou à mínima do dia, a R$ 6,048. Acabou fechando com queda de 0,84%, para R$ 6,07. A "assunção" de Galípolo foi a desculpa para a publicação do vídeo. Como Roberto Campos Neto avisou na véspera que entra em recesso no sábado (21), o indicado de Lula vai antecipar sua condição de plenipotenciário do BC.
Desde que o pânico tomou conta do mercado financeiro, havia uma mobilização para que Lula passasse uma mensagem de tranquilização. E foi o que ele vez, desta vez sem escorregar:
— Quero que você saiba que jamais, jamais haverá da parte da presidência qualquer interferência no trabalho que você tem que fazer no Banco Central.
Resolveu até exagerar e prometeu que Galípolo será "o presidente com mais autonomia que o Banco Central já teve". Mas o que o mercado mais gostou de ouvir foi a parte em que admite novas medidas de ajustes de gastos.
— E eu queria dizer para o Galípolo que seguimos mais convictos do que que nunca que a estabilidade econômica e o combate à inflação são as coisas mais importantes para proteger o salário e o poder de compra das famílias brasileiras. Tomamos as medidas necessárias para proteger a nova regra fiscal e seguiremos atentos à necessidade de novas medidas.
Agora, só falta transformar as palavras certas em medidas corretas. Pode ser que o dólar não volte para o patamar baixo de R$ 5. Mas pode evitar boa parte do temido repasse para preços que desenhava nuvens escuras no horizonte.