Em julho, os habitantes do Hemisfério Norte quase fritaram a temperaturas que quase alcançaram 50 graus centígrados - quando não passaram, em alguns locais. Em setembro, enxurradas arrasaram um vale no Rio Grande do Sul, Brasil, e ao menos uma cidade litorânea, Derna, na Líbia - lá, sim, houve rompimento de barragens.
Nunca se falou tanto em crise climática, mas ainda se ouve pessoas que se consideram bem informadas relativizar o fenômeno em público. Agora, talvez um argumento convença negacionistas renitentes: o CEO da japonesa Asahi, Atsushi Katsuki, avisou que, com a mudança no clima, pode faltar cerveja.
Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, Katsuki afirmou que análises conduzidas pela empresa constataram que o aquecimento global reduzirá o volume de produção de cevada e a qualidade do lúpulo nas próximas três décadas (veja reportagem original clicando aqui). No Reino Unido, falta de cerveja é um risco tão grave quanto no Brasil, dados os hábitos de consumo das populações dos dois países.
— Embora com o clima mais quente o consumo de cerveja possa aumentar e se tornar uma oportunidade para nós, as mudanças climáticas terão um impacto sério. Existe o risco de não conseguirmos produzir cerveja suficiente — advertiu Katsuki.
Como o CEO da cervejaria japonesa sugere, há, sim, oportunidades de negócios com a crise do clima: investir em projetos para evitar que a mudança já ocorrida não se agrave. É isso que está em jogo. Para espanto da coluna, Katsuki faz projeções das consequências de um aumento da temperatura global em até 4 graus centígrados.
O susto já havia sido grande quando o climatologista Carlo Nobre advertiu, em entrevista à coluna, que uma elevação de 3 graus centígrados faria o oceano invadir o Guaíba dentro de mil anos. É muito tempo? É bom lembrar que o oceano não vai chegar só ao fim do milésimo ano. Quanto mais se acha "caro" investir para frear - impedir já não dá - a mudança, maior será o custo dos efeitos.