Uma surpresa emergiu do exame mais detalhado dos números da estatais privatizáveis. Conforme o balanço do terceiro trimestre, datado de 11 de novembro, CEEE-D estava inadimplente com o pagamento do ICMS a seu acionista controlador. O imposto equivale a cerca de 40% da tarifa. Para resolver a pendência, fez como o Piratini: parcelou R$ 127,7 milhões em seis vezes (veja documento abaixo). A coluna tentou ouvir a explicação da empresa, mas não obteve resposta até o início da noite desta quarta-feira.
Nas ressalvas, a auditoria independente aponta passivo a descoberto de
R$ 720,4 milhões e volta a advertir – não é a primeira vez – e que a situação da distribuidora ''suscita dúvida substancial sobre sua continuidade operacional''. Os prejuízos acumulados nessa divisão da empresa de energia já chegaram a
R$ 2,13 bilhões. Só no terceiro trimestre, a divisão teve perda de R$ 285,9 milhões.
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Na CRM e na Sulgás, só estão disponíveis os balanços anuais de 2015, ambos sem prejuízo. A CRM teve lucro de R$ 23,95 milhões, quase estável em relação ao ano anterior, enquanto a Sulgás teve alta mais considerável, de resultado positivo subindo de R$ 53,33 milhões em 2014 para R$ 68,54 milhões no ano passado.
Na companhia de mineração, a auditoria encontrou uma provisão para perda com ajuste a valor de mercado de R$ 38,8 milhões “sem identificar bens correspondentes”. Na distribuidora de gás, não há ressalvas específicas – um dos motivos que a reforça como a mais atrativa empresa para o mercado. Mas há registro de uma disputa judicial no valor de R$ 28,36 milhões, resultado de importação de gás da argentina YPF para uso na AES Uruguaiana.