O Gre-Nal 440 será também o primeiro e o último de um nove. Se me permitem a licença poética, vou tratar Enner Valencia como um nove, que é a forma adotada para nos referirmos aos centroavantes. É ele que começa neste domingo a sua história no clássico.
Do outro lado, um outro nove, dos melhores de todos os tempos, quase um ET aqui entre nós, estará se despedindo. Luis Suárez. Ele dá, no Beira-Rio, o seu adeus ao mundo Gre-Nal. Para os 114 anos de rivalidade, posso afirmar sem medo, haverá um capítulo reservado à passagem do uruguaio aqui pelas bandas vizinhas da sua República Oriental.
Trata-se de um daqueles jogadores da primeira linha do futebol mundial que terá, em suas estatísticas, o Gre-Nal. Infelizmente, essa história se encerra neste domingo.
Os dois centroavantes chegam ao clássico 440 em momentos distintos. Enner saiu de campo na quarta-feira com o alvo da torcida nas costas. Os três gols perdidos contra o Fluminense desviaram o Inter da final da Libertadores. Mesmo que os gols feitos contra River e Bolívia tenham pavimentado o caminho até a semifinal, a paixão do torcedor se alimenta do último flash. E, no caso do equatoriano, ele gerou uma imagem totalmente desfocada.
Enner precisa desta sua estreia no Gre-Nal. Pode estar nela a sua correção de rumo com os colorados. O futebol permite essas guinadas. Nada melhor do que um jogo deste tamanho colado à frustração de quarta como oportunidade de reerguer-se. Só uma vitória no Gre-Nal ajuda na analgesia da dor da derrota para o Fluminense.
Suárez, por sua vez, chega ao clássico em lua de mel outra vez com a torcida. Ficaram para trás a incerteza sobre sua permanência, depois de receber o chamado de Messi no Inter Miami, e a cogitação de até encerrar a carreira por dores no joelho. O uruguaio definiu seu futuro, encurtando o contrato em um ano, e voltou a se concentrar no campo apenas.
Os números mostram o quanto é fundamental ao Grêmio. Em 40 jogos, fez 20 gols e deu 12 assistências. Nem vamos falar aqui dos mais de 50 mil sócios que arrebanhou, nem da elevação da média de público na Arena.
Neste domingo, Suárez experimenta o gosto do Gre-Nal pela última vez. Impressiona-se com o fato de falarem do clássico um mês antes. Ele que jogou Ajax x PSV, Liverpool x United, Real x Barça, Atlético x Real e Nacional x Peñarol leva histórias para contar.
As mesmas que Enner busca para colocar ao lado do que fez no clássico Astillero, Emelec x Barcelona, nos Fenerbahce x Galatasaray e em Tigres x Monterrey. Por tudo isso, o Gre-Nal será uma prova dos nove. Que o melhor vença, mas que o clássico ganhe.