Há um bloqueio neste Inter de 2022 que emperra seus voos maiores. A dificuldade ofensiva da equipe já fez Cacique Medina capotar numa das primeiras curvas e, agora, começa a fazer sombra para Mano Menezes.
Por isso que o jogo da noite desta terça (24) pode ser emblemático e, quem sabe, um marco na temporada. É preciso vencer o 9 de Octubre com boa margem de gols para evitar o constrangimento de ter de secar o Guaireña por uma tela de celular. O resumo para se classificar às oitavas da Sul-Americana é simples: ter o mesmo resultado que os paraguaios tiverem lá contra o Independiente Medellín. Se for vitória, que seja pela mesma diferença de gols, no mínimo. Porém, se sair do sério e desatar a fazer gols, o Inter nem precisa se preocupar com o Guaireña, a quem supera na liderança do grupo por um gol a mais de saldo.
O jogo é contra os reservas do 9 de Octubre. Atolado na lanterna da Liga Pro, como é batizado o campeonato equatoriano organizado pelos clubes, o técnico Juan León decidiu preservar todo mundo. Seu time tem apenas uma vitória em 14 rodadas – mais oito derrotas e cinco empates. Sábado, precisará encarar o Independiente del Valle, terceiro colocado. Por isso, todas as energias estão voltadas para a competição doméstica. Despedida honrosa da Sul-Americana está longe da lista de preocupações.
O ponto aqui nem é a fragilidade do 9 de Octubre eu sua vinda a passeio, com direito a selfie no Beira-Rio no treino desta segunda. O grande problema está mesmo na crise de timidez ofensiva do Inter. Com Cacique Medina, era um time que arrematava, em média, quatro vezes por jogo. Houve a troca de técnico, vieram reforços, como Alan Patrick, Pedro Henrique e Wanderson, e a média segue baixa. O time finaliza, em média, 4,43 vezes a gol no Brasileirão. É só 13º ataque, com sete gols em sete rodadas.
São 28 gols em 26 jogos no ano. Ou seja, média de um por jogo. Como levou 26 no ano, fica claro porque mais empatou (11) do que venceu (10 vezes) e perdeu (5) em 2022.
Mano sabe que o grande desafio neste Inter é torná-lo agudo e efetivo no ataque. Em oito jogos sob seu comando, são nove gols – sendo dois contra o Corinthians e dois contra o Independiente. Aliás, a perda de chances contra os colombianos ajudou a criar esse cenário de tensão para um jogo que, convenhamos, era para ser amistoso. Porém, virou final. Quem sabe os reservas do 9 de Octubre não sejam a quebra de uma trava deste Inter 2022?
JOGO FANTASMA 1
Para os colorados, há uma boa notícia vinda de Medellín. O Independiente levará força total para sua despedida na Copa Sul-Americana. Julio Comesaña havia projetado, nesta sequência de três jogos em uma semana, que usaria os titulares. Foi assim em Porto Alegre, na última terça-feira, contra o La Equidad, na vitória de sábado, e será repetido contra o Guaireña. Apenas o volante Davaid Loaiza, que volta de lesão, ficará de fora. Comesaña pretende colocar o time para jogar porque só voltará a campo no dia 1º de junho, em jogo contra o Tolima, pela segunda rodada do quadrangular final da Liga BetPlay, o campeonato colombiano organizado pelos clubes. Os dois times lideram, com três pontos. Como só o campeão de cada quadrangular vai à final, o jogo em Ibagué é confronto direto.
JOGO FANTASMA 2
Por outro lado, o jogo na Colômbia será quase secreto. Como o Independiente Medellín vendeu o mando das três partidas, jogará mais uma vez em Pereira, onde enfrentou o 9 de Octubre, na segunda rodada, em sua única vitória, e o Inter. Apenas 215 quilômetros separam as duas cidades, porém, o pouco apelo da partida e a estrada sinuosa que faz a viagem durar quatro horas, tiram qualquer entusiasmo da torcida. Tanto Medellín quanto Pereira estão encravadas no meio dos Andes. Qualquer deslocamento entre as cidades é sempre um desafio. Tanto que o Independiente fará o trajeto de avião, em uma viagem que levará cerca de 30 minutos. Estive em Pereira em 2012, cobrindo Once Caldas x Inter. A serra de Gramado e Canela, posso garantir, é uma reta plana perto que encaramos por lá.