Havia um ar de Buenos Aires em Porto Alegre. A noite na Cidade Baixa tinha cantos que se ouvem aos domingos em La Boca e em Núñez. No Brique da Redenção, o regateio de preço passou a ser em espanhol. O Parcão tinha gente de camisa azul celeste esparramado ao sol em seus gramados. No entorno da Arena, os bares, que costumam receber gremistas, foram invadidos por hermanos, que o ocupavam como se ali fosse o seu lugar. Não foi de graça que 41.390 pessoas assistiram ao 2 a 0 da Argentina no Catar, uma seleção que parece suíça de tão precisa que é em seus movimentos táticos.
É evidente que tudo isso tem um só responsável: Lionel Messi. Foi por ele e para ele que essa multidão trocou a cor e o idioma em Porto Alegre neste primeiro fim de semana de inverno, que teve mais cara de outono do que qualquer outra coisa. E Messi não desapontou. Jogou com seriedade, aplicou-se, procurou o gol, tentou articular e suplantar as precariedades de uma seleção argentina que, hoje, não tem nada de Argentina.
Messi estuda o jogo, sabe como se mover no campo e o faz sempre com um objetivo só, o gol. É vertical, não dribla mais do que cinco centímetros para os lados. Joga sempre para frente, sempre. O problema é que, atualmente, poucos falam a mesma língua que ele na seleção. Os torcedores foram vê-lo à espera daqueles lances que a gente o vê fazer pela TV todos os domingos. Ele até tentou, como aos 35, quando entrou a dribles área adentro e foi interceptado no último instante. Do lado de cá do Atlântico, a vida de Messi é bem mais espinhosa. Mas ele nunca deixa de tentar. E isso já vale o ingresso.
Vai ter churras?
A família de Messi desembarcou em peso na zona norte de Porto Alegre. A mulher do craque, Antonella, com os filhos Matteo, Ciro e Thiago, além dos pais, irmãos e amigos. A trupe veio, mais do que apoiar Messi, curtir o aniversário de 32 anos com ele, que será comemorado nesta segunda-feira.
Aliás, este não é o primeiro aniversário que Messi passa em Porto Alegre. Em 2014, ele estava hospedado no Hotel Deville com a seleção argentina à espera do jogo contra a Nigéria, no Beira-Rio. Na véspera, ganhou, inclusive, um bolo e parabéns a você dos companheiros. No jogo, retribuiu com dois gols, um deles numa cobrança de falta magistral.
