Vamos falar do impasse sobre a suspensão das aulas na rede pública estadual em meio à forte onda de calor que estamos enfrentando. Esse imbróglio revela erros que merecem um bom debate. A decisão de adiar o início do ano letivo devido às altas temperaturas é, sem dúvida, válida. Mas convenhamos, expõe falhas significativas da Secretaria Estadual da Educação. Primeiro, é preciso destacar que foi uma decisão judicial provocada pelo Cpers, o sindicato dos professores, que trouxe o assunto à tona.
Pais, alunos e toda a comunidade escolar ficaram perdidos
Aqui está o primeiro ponto: sabendo da previsão de dias insuportáveis, o governo poderia ter se antecipado e feito o anúncio antes da determinação judicial. Imagine só, uma liminar saindo em pleno domingo! Isso resulta não apenas em uma informação que não chega como deveria aos pais, mas também em um verdadeiro conflito no planejamento das famílias, que se organizaram para deixar os filhos nas escolas. E não para por aí. O segundo erro foi a secretária estadual de Educação, Raquel Teixeira, ter ignorado a mensagem enviada pela presidente do Cpers, Rosane Zan, via WhatsApp. Em entrevista ao repórter Gabriel Jacobsen, no programa Gaúcha Atualidade, ela reconheceu ter recebido o pedido de adiamento, mas não soube explicar o motivo de não ter respondido.
Ora, um assunto tão relevante não deveria cair no vácuo, não é mesmo? Pais, alunos e toda a comunidade escolar ficaram perdidos em meio a uma incerteza sobre a volta às aulas. A falta de negociação antes da briga jurídica impediu a busca por um meio-termo. Se algumas escolas já têm ar-condicionado, por que não utilizá-las para receber os alunos? Se a previsão de calor extremo vai até quarta-feira, que tal bancar o retorno na quinta? Tudo isso poderia ter sido comunicado de maneira oficial e com antecedência, dando tempo para o planejamento das famílias.
Essa situação também nos força a refletir sobre as questões ambientais que nos colocam diante de ondas de calor como essa. Precisamos prestar atenção à climatização das escolas. Se é desumano aguentar o calor em uma sala sem ar-condicionado, como aceitamos que estudantes e professores passem por isso? A educação é mesmo prioridade?