A gaúcha Elis Regina morreu em 1982, mas sua voz está eternizada em discos e nas plataformas digitais. Pimentinha começou a carreira nas rádios de Porto Alegre. A cantora, que cresceu na Vila do Iapi, completaria 80 anos neste 17 de março. Ela nasceu em 1945, no Hospital da Beneficência Portuguesa.
Uma menina de 12 anos encantou os ouvintes da Rádio Farroupilha, em 1957. Elis Regina Carvalho Costa cantou no Clube do Guri, programa apresentado por Ary Rêgo nos domingos de manhã. Lilica, apelido da filha de Romeu de Oliveira Costa e de Ercy Carvalho, participou do concurso de melhores cantores mirins daquele ano, patrocinado pela Neugebauer, fabricante do achocolatado Guri.
Em entrevista ao jornalista Ricardo Chaves, em 2001, Ary Rêgo (1918-2007) contou que Elis Regina, aprovada na seleção da véspera, chegou de roupa nova para cantar em um domingo, mas uma prosaica hemorragia nasal manchou o vestido. Ela ficou constrangida e desapareceu.
Quase dois meses depois, ao entrar na Casa Sloper para comprar um presente de Dia das Mães para sua mulher, o radialista foi reconhecido por uma das balconistas, que relatou o episódio com a sobrinha antes da apresentação. Ele pediu que a tia convencesse a menina a retornar. Ela voltou.
Elis Regina chegou à finalíssima do concurso mirim, mas não foi a vencedora. O jornal Diário de Notícias publicou que, diante de 1,5 mil pessoas no Cine Theatro Avenida, Maria Helena Silveira comemorou o título.
Em função do ótimo desempenho no concurso, em 1958, Elis ainda participou do programa de Salimen Júnior, na Rádio Farroupilha, antes de fazer sucesso na Rádio Gaúcha, no programa de auditório de Maurício Sirotsky Sobrinho, que também era diretor da emissora.
Na Gaúcha, a menina da Vila do Iapi foi eleita a melhor cantora do rádio gaúcho de 1958. A Revista do Globo, na primeira edição de 1959, publicou a foto da menina sob os olhares dos pais e de Maurício Sobrinho. Ela assinou, aos 13 anos, o contrato que a integrou "definitivamente no cast" da emissora do Edifício União.
Elis Regina também cantava em conjuntos musicais. Em 1961, gravou o primeiro disco, Viva a Brotolândia, pela Continental. A voz da adolescente ecoou pelo Brasil e, três anos depois, ela deixou Porto Alegre para morar no Rio de Janeiro.