O engenheiro italiano Armando Boni chegou a Porto Alegre no final de 1910. O jovem de 24 anos deixou na terra natal a família e a namorada, Giuditta. Na travessia do Oceano Atlântico, foi acompanhado de um amigo porto-alegrense, o agrônomo Carlos Danton Seixas, que estava estudando em Parma.
Boni logo conseguiu trabalho como professor da Escola de Engenharia e em um escritório de construção civil. Em 1911, abriu a firma Engº Boni & Ferlini, um escritório de engenharia. Ele fazia projetos e construções civis, industriais e hidráulicas. Em Caxias do Sul, o italiano desenvolveu os projetos e executou as obras para a represa do rio Piaí. Em Porto Alegre, trabalhou na recuperação da parte interna da Capela do Espírito Santo, ao lado da Igreja Matriz.
O engenheiro mantinha o contato com a família por cartas. No final de 1913, voltou à Itália para se casar com Giuditta, que o esperou por três anos. Eles tiveram cinco filhos na capital gaúcha.
Como prometido à amada, em 1922, construiu uma casa italiana na Rua Marquês do Pombal, a Casa Boni, onde o casal viveu com os filhos e familiares que também vieram da Itália. Em parte do terreno, instalou uma fábrica de artefatos de cimento armado, incluindo a produção dos bancos que hoje estão espalhados em praças de Porto Alegre.
A trajetória do engenheiro é contada no livro Armando Boni: entre o clássico e a modernidade (Pubblicato Editora), organizado pela neta Flavia Boni Licht, arquiteta e urbanista. Ela não chegou a conhecer o avô, que faleceu em 1946, antes de completar os 60 anos. Na família, Flavia ouviu muitas histórias, inclusive da avó, que morreu em 1998, aos 109 anos.
— Meu avô trouxe muitas inovações da Europa, como o uso do concreto armado também para grandes estruturas. Ele era muito curioso e inventivo — resume Flavia.
Boni deixou um legado de obras importantes na cidade, como o Cemitério São Miguel e Almas, o Palacete Santo Meneghetti (Palacinho), a sede da Livraria do Globo e o antigo Auditório Araújo Vianna, destruído para dar lugar ao prédio da Assembleia Legislativa. O livro será lançado em 28 de março, às 19h, no Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB RS), na Rua General Canabarro, 363, em Porto Alegre.