Nas ruas, clubes e cafés, mulheres de "slacks" atraíam olhares de curiosidade e reprovação nos anos 1940. Os conservadores questionavam a ousadia feminina. Por que vestir calças compridas, uma roupa masculina? Qual o problema em continuar usando saias e vestidos? Na época, as calças femininas eram chamadas apenas de "slacks", do inglês, vestidas pelas estrelas do cinema.
A Revista do Globo publicou, em 1945, que "o slack é hoje indispensável no guarda-roupa da mulher, mas o seu uso não é fácil". A reportagem, acompanhada de foto de três mulheres, cita que "a moda, num repente de audácia, decretou mais uma liberdade para as mulheres: o uso público de calças compridas, em casa ou nas estações de veraneio".
As novas peças faziam parte da "personalidade modernizada", muito práticas, porque ampliavam os movimentos. Afinal, por que o uso não era fácil? A revista justificou que era necessário ter "um corpo bem-proporcionado para que as calças compridas não revelem os defeitos que a indumentária comum da mulher sempre procurou ocultar". Pelo padrão da época, não poderiam ser gordas nem muito magras.
A revista O Cruzeiro, em 1943, publicou texto e desenhos de Alceu Penna com o título "as garotas tomaram-nos as calças". Elas vestiam um "símbolo" masculino.
A incorporação das calças compridas ao guarda-roupa das mulheres brasileiras foi lenta e gradual até a popularização do jeans.