
Governador Eduardo Leite, esta é uma carta aberta ao senhor, um homem que entende o valor da arte para a sociedade. Eu soube que, na reforma do secretariado, a Cultura está na mesa de negociações partidárias. Mal pude acreditar.
Não rife a Cultura, governador. Em time que está ganhando, não se mexe.
Beatriz Araujo, sua secretária, é um caso raro de unanimidade. É de sua cota pessoal, eu sei, e entende como poucos o setor. Conhece a Cultura por dentro e tem feito um bom trabalho, ainda que nem todas as demandas tenham sido atendidas, que exista muito por fazer e que nem tudo sejam flores.
É justamente por isso que escrevo esta carta. O movimento que se desenha nos bastidores é um equívoco, eu falo por muitos.
Nos últimos dias, tenho recebido mensagens e ligações de expoentes das artes no Rio Grande do Sul: diretores de companhias, produtores, atores e atrizes, realizadores, preocupados com o desfecho dessa história.
Durante a gestão de Beatriz, com o seu apoio, consentimento e investimento, o Estado testemunhou a conclusão do Multipaco Eva Sopher, a reforma do Theatro São Pedro (que está a pleno vapor), o florescimento da ópera, a recuperação de salas de espetáculos e de museus (do Teatro Bruno Kiefer ao Museu Arqueológico do Rio Grande do Sul), a nova sede do Museu de Arte Contemporânea do RS (quase pronta), o fortalecimento do sistema Pró-Cultura e a publicação de dezenas de editais para apoiar produções artísticas.
Por tabela, tudo isso ajudou a movimentar a economia. O senhor sabe o quanto a indústria criativa mobiliza.
Entregar a Cultura como moeda de troca em um rearranjo político, seja para qual partido for, depõe contra um dos principais acertos do seu próprio governo. Depõe contra os gaúchos e as gaúchas, e não só aqueles que frequentam teatros e museus, mas todos os que, de alguma forma, direta e indiretamente, têm se beneficiado com os investimentos na área.
Volte atrás, governador.