Esperada há 30 anos, a sede do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS) está prestes a ser inaugurada. Com 85% das obras concluídas, o prédio no 4º Distrito deve abrir as portas no fim do primeiro semestre.
É uma conquista e tanto. Eu estive lá, na última semana, a convite da diretora Adriana Boff para ver de perto a evolução do trabalho. E já adianto: será um presente para a Capital, em uma região que, apesar da enchente, tem tudo para se tornar um polo cultural (perto de galerias e ateliers de artistas e do complexo cultural Vila Flores).
A obra (na Rua Comendador Azevedo, nº 256) começou em janeiro de 2024, em uma área de 2,3 mil metros, incluindo um antigo prédio, onde, um dia, funcionou um depósito de veículos do Detran-RS.
Veja o vídeo que preparamos das obras
O galpão estava sem uso e seria colocado à venda pelo Estado, quando surgiu a ideia de fazer dele a sede do museu, com o apoio da secretária da Cultura, Bia Araújo, e do governador Eduardo Leite. Hoje, a entidade ocupa espaços a Casa de Cultura Mario Quintana.
O prédio de 500 metros quadrados está sendo totalmente repaginado. O hall de entrada do futuro museu terá imensas portas de vidro em estilo sanfonado. A ideia é que fiquem escancaradas nos horários de funcionamento, para que instiguem a curiosidade.
Haverá uma espécie de praça na frente, integrada com o passeio público, com bancos e paletes de madeira.
Quem entrar, verá uma sala expositiva ampla, de pé direito alto e paredes brancas, além de recintos para cursos e oficinas. No salão, serão realizadas as exibições, começando com duas grandes obras de Nuno Ramos, de São Paulo — um dos primeiros a expor no MACRS, em 1992, quando a instituição foi criada.
— Estamos preparando algo especial. O Nuno é um dos maiores artistas brasileiros. Além de ter essa ligação com o MACRS, ele ficou muito sensibilizado com o que passamos na enchente de maio — diz Adriana.
O jardim
A água chegou a quase dois metros no local e atingiu, também, o pátio. A área externa (de 1,8 mil metros quadrados) receberá um jardim com paisagismo, espelho d'água, bancos e esculturas do acervo (que tem 2,3 mil obras).
Dois bondes do início do século 20 foram levados para lá e serão restaurados. Eles farão parte da remodelação (haverá inclusive uma espécie de plataforma, onde será possível entrar nos veículos).
Perto deles, uma figueira centenária foi preservada. Haverá dois pergolados e uma cafeteria com mesas e cadeiras ao ar livre. Será um baita espaço de lazer.
— É um sonho que está prestes a virar realidade, uma demanda de mais de 30 anos — celebra Adriana, lembrando que o museu também ganhará uma marca nova.
Por trás da obra
O investimento do governo do Estado, via Secretaria de Cultura, deve chegar a R$ 5 milhões, incluindo a obra, as mobílias e o restauro dos bondes.
A obra também tem a parceria da associação de amigos do MACRS, liderada por Maria Fernanda Santin, e de uma série de patrocinadores via leis de incentivo: Itaú, CEEE Equatorial, Vulcabras e Danone, além do apoio de Colavoro, Trinca e TecBril.
O projeto executivo é do arquiteto Tarso Carneiro, da AT Arquitetura, o jardim foi desenvolvido pela arquiteta e paisagista Christine Loro, do Studio 3D, e o projeto do mobiliário e da praça frontal (junto à calçada) é da arquiteta Izabela Pagani.
A nova marca e comunicação visual está a cargo da Casa CC.