Primeiro do Brasil a receber Indicação Geográfica e selo de Denominação de Origem (DO), o queijo artesanal serrano é uma iguaria produzida nos Campos de Cima da Serra de um jeito único. Tão único, que virou patrimônio imaterial do Rio Grande do Sul.
No último fim de semana, conheci um dos redutos onde as rodelas amarelas são maturadas, degustadas e comercializadas na região: a Queijaria Campo Nativo, em Cambará do Sul.
Aberta em um velho casarão reformado na antiga Fazenda Camarinhas (junto ao Parador Cambará), a loja é uma vitrine do produto — literalmente, porque é possível ver o processo de envelhecimento dos queijos através de uma vidraça.
No local, ocorre a cura dos produtos de sete marcas regionais: Chácara dos Padres, Serra dos Pinheiros, São Francisco de Assis e Don Boschi (todas em Bom Jesus), além de Rodeio das Pedras, em Jaquirana, e Caminho das Tropas, em São José dos Ausentes.
— É uma forma de valorizar algo que é nosso, em um lugar muito especial — diz Rafael Kuhn, que é gerente do Parador e um dos sócios da queijaria ao lado dos empresários Aurélio Lima e Danilo Gomes.
E bota especial nisso. A casa fica no alto de uma coxilha, rodeada de pasto nativo e de um bosque preservado de majestosas araucárias. Logo abaixo, serpenteia o rio que dá nome à propriedade, onde ficam as cabanas do hotel.
Só pela paisagem, já vale a visita, mas a experiência fica ainda melhor quando você prova a iguaria. O queijo serrano tem textura amanteigada e sabor consistente. Vai por mim: se puder, experimente.
Iguaria serrana
O queijo artesanal serrano é produzido há mais de 200 anos nos Campos de Cima da Serra, quando surgiram as primeiras fazendas da região, usando o leite das vacas deixadas pelos jesuítas após a ocupação missioneira. O insumo é obtido de gado "não especializado para leite", ou seja, gado de corte que vivem nesses campos de pastagem natural.
Isso garante um sabor ímpar, que decorre também da combinação de temperaturas médias baixas, de alta umidade do ar e, é claro, do modo de fazer passado de geração em geração. Em 2024, esse savoir-faire se tornou oficialmente patrimônio imaterial do Rio Grande do Sul, graças à mobilização de associações de produtores e das comunidades, com o apoio de técnicos da Emater e da UFRGS.
Características da produção
- Ocorre em clima temperado úmido, em altitude de pelo menos mil metros
- As vacas são de raças de corte e vivem em campo nativo
- O queijo é feito com leite cru, uma peculiaridade
- O "saber fazer" tem mais de 200 anos e segue sendo passado de geração em geração
- O queijo é curado em tábua de araucária (somente neste caso o corte é permitido)
Queijaria Campo Nativo
É também chamada de Casa do Queijo Serrano. Funciona como ponto de maturação do produto, armazém de itens locais e experiências gastronômicas regionais. Abre diariamente ao público de 9h às 17h.
Fica na Fazenda Camarinhas, junto ao hotel Parador Cambará (Estrada do Faxinal, RS-427, Morro Agudo), próximo aos cânions.
Mais detalhes no perfil @queijariacamponativo no Instagram. O WhatsApp é (54) 9939-5671.