Saiu no New York Times: pessoas na faixa dos 20 e 30 anos enfrentando uma epidemia de solidão estão se reunindo para jogar xadrez, gamão e mahjong (de origem chinesa) na esperança de que os clubes de jogos (aqueles mesmo, que faziam sucesso no passado) ajudem a aliviar o isolamento e a sobrecarga digital.
Mais: os organizadores desses grupos garantem que os jogos de tabuleiro (até então esquecidos nos armários) estão cada vez mais populares, em especial, entre membros da Geração Z (nascidos de 1995 a 2010) e os millennials (de 1980 a 1995) ávidos por formas de socialização “menos atléticas”.
Sim, você leu certo.
É que muitos buscaram equipes de corrida (uma febre no Brasil) para tentar encontrar a sua turma. Até acharam, mas, no fim das contas, chegaram à conclusão de que dá muito trabalho (eu diria o mesmo) e migraram para um passatempo, digamos, mais leve. Dados e peões conquistaram corações e mentes. Cavalos, reis e rainhas também.
Só o LA Chess Club, clube de xadrez de Los Angeles, nos Estados Unidos, chega a reunir, segundo a repórter Callie Holtermann, 500 pessoas nos encontros de quintas-feiras à noite. Em Nova York, o clube de gamão já atraiu 3,5 mil interessados. E não são nerds. As reuniões têm drinques e comidinhas, como em qualquer evento descolado.
Curioso é pensar que os jogos de mesa, tão antigos quanto nossa própria civilização, estão em alta outra vez em pleno século 21, em meio ao florescimento da inteligência artificial.
A diferença é que, agora, o velho e empoeirado passatempo é quase uma questão de sobrevivência. Não é exagero pensar que se trate de uma resposta à saturação das telas, ao mundo de faz-de-conta das redes sociais e à loucura do dia a dia.
Lendo sobre o assunto, lembrei do Jogo da Vida, meu preferido na adolescência. Era deliciosa a sensação de abrir aquela caixa, arrumar a mesa e girar a roleta. Ao longo da brincadeira, você vai delineando seu destino: profissão, salário, filhos, etc.
Hoje soa antiquado e ingênuo, mas o jogo segue existindo. Há versões “retrô”, “com aplicativo” e “Nubank”(!). O mesmo vale para outros clássicos. Estou até pensando em convidar amigos para um detox digital à moda antiga (ou seria pós-moderna?).
Se alguém aí souber de um clube de jogos desse tipo no Rio Grande do Sul, favor avisar neste guichê. Já vou preparar a mochila. Onde foi mesmo que guardei os dados do General?
Clássicos inesquecíveis
A seguir, listei alguns jogos “das antigas” que seguem na memória coletiva e que podem entrar nessa onda revival em 2025. Vou abrir uma enquete no meu perfil no Instagram (segue lá: @ju_bublitz) para a gente ampliar a lista.
Xadrez: um dos jogos mais populares no mundo, que nunca saiu de moda
Damas: até no antigo Egito o jogo era uma febre
Gamão: outro clássico que está voltando com tudo
Banco Imobiliário: quem nunca jogou, que atire a primeira pedra
Jogo da Vida: foi o jogo que marcou minha adolescência
Detetive: inspirado em romances policiais
War: jogo de estratégia muito conhecido no Brasil
Sugestão
Dica de série para quem quer seguir no tema “jogos de tabuleiro”: O Gambito da Rainha, da Netflix. Estrelada por Anya Taylor-Joy, a produção conta a trajetória de Beth Harmon, uma jovem prodígio no xadrez. Vai por mim.