O jornalista Carlos Redel colabora com a colunista Juliana Bublitz, titular deste espaço.
Ainda Estou Aqui é um fenômeno. E merecido. O filme de Walter Salles está sendo reverenciado dentro e fora do Brasil, indicado a prêmios como Globo de Ouro e com fortes chances de chegar ao Oscar 2025. Além da aclamação dos especialistas, o público também compareceu: já são quase 3 milhões de espectadores apenas no seu país de origem.
É excelente presenciar um longa-metragem nacional sendo tão prestigiado assim, com o público empolgado com a obra. Também é excelente aproveitar a imersão que uma boa sala de cinema proporciona: tela grande, som poderoso e o escuro que apaga qualquer barreira entre o espectador e o que está sendo projetado.
Porém, na ânsia de fazer parte deste capítulo histórico para o cinema nacional, com Ainda Estou Aqui, algumas pessoas sentem a necessidade de compartilhar o momento nas redes sociais — ou ele, aparentemente, deixa de existir. O smartphone, então, ganha o protagonismo.
Atualmente, a internet está recheada de fotos e vídeos, seja no Instagram, no Facebook, no X ou no TikTok. Os perfis são de pessoas que decidiram que era mais importante ter um registro seu no meio de uma exibição de Ainda Estou Aqui do que respeitar algumas simples e antigas regras de uma sessão de cinema. A principal delas é desligar o celular. Ela anda lado a lado com o fazer silêncio, importante ressaltar.
Ao sacar o telefone no meio da sala escura, com o filme rodando, quebra-se a imersão de quem está no ambiente para unicamente aproveitar aquela exibição. O brilho das telinhas desvia a atenção, rompe a conexão do espectador com a obra. Às vezes, para voltar até a narrativa, vai-se um bom tempo. A experiência é comprometida. E, não raro, discussões e brigas estão sendo travadas pelo motivo celular.
Este tipo de comportamento não se restringe a Ainda Estou Aqui, é claro — é visto, principalmente, em produções de super-heróis —, mas como o longa estrelado por Fernanda Torres está em evidência, é um bom exemplo. Também, dá para aproveitar e reforçar a campanha: vá assistir ao longa no cinema. Mas, se puder, esqueça do celular por 2h17min. Passa rápido. A sua experiência e a dos seus companheiros de sessão será linda.
Obs.: os cartazes espalhados pelo cinema servem, também, para que se tire fotos deles — e isso não atrapalha ninguém.