Quem passar por Florianópolis no verão, verá mais cores no centro histórico da capital catarinense. Em novembro, um festival chamado Street Art Tour atraiu 150 artistas do Brasil e do Exterior à cidade, que ganhou murais multicoloridos de pequeno, médio e grande portes.
A obra que mais chamou a atenção foi a pintura do piso de uma via inteira em plena área central (veja as imagens acima). Antes usada como estacionamento de motos e área para carga e descarga de veículos, a Rua Felipe Schmidt ganhou vida nova. Agora, com a parceria da prefeitura, o trecho de 90 metros de comprimento será fechado para o trânsito, receberá bancos e paisagismo e passará a ser um calçadão para pedestres. Bingo!
O trabalho foi realizado por dois artistas do sul do país: a paranaense Cristina Pagnoncelli (Crispa), destaque em artes visuais em Curitiba, e o gaúcho Luis Flavio Vitola (Tio Trampo), um dos pioneiros do grafite em Porto Alegre.
— Eu já tinha pintado uma pista de skate, mas uma rua, nunca. Foi inusitado e desafiador. Um trabalho muito especial mesmo, ainda mais pela finalidade que terá — diz Trampo, que trabalhou na obra durante 15 dias.
Graças ao festival, viabilizado com recursos captados por meio das leis municipal e estadual de incentivo à cultura, a rua cinzenta virou uma galeria de arte a céu aberto no nível do chão e um novo atrativo na área central em Floripa. Não por menos, a rua pintada ganhou a inscrição "viva cidade viva".
A intenção, segundo Marina Tavares, uma das idealizadoras do evento, era justamente esta.
— A ideia, desde o início, sempre foi fazer com que as pessoas olhassem mais para o centro, ocupassem os espaços da cidade e percebessem o potencial da arte urbana — explica a produtora.
A edição de 2023 foi a segunda do festival, que surgiu de uma parceria entre o Studio de Ideias Produtora Cultural, tocado por Marina e pelo sócio Arturo Valle, e o artista urbano Rodrigo Rizo. O projeto conta com uma série de apoiadores, incentivadores e patrocinadores, incluindo CDL Florianópolis, prefeitura, governo do Estado e Fundação Catarinense de Cultura.
Arte urbana em Porto Alegre
Na capital gaúcha, o muralismo também vem ganhando impulso nos últimos anos, com desenhos gigantes estampando cada vez mais fachadas de prédios, grande parte deles fruto do Festival Arte Salva. Em novembro, a Virada Sustentável também presenteou a cidade com um painel de 50 metros da ex-ginasta Daiane do Santos, na entrada da cidade, pintado pelo artista Kelvin Koubik.
O movimento acompanha uma tendência nas principais metrópoles do mundo, como São Paulo e Nova York, mas pode ir além. A iniciativa de Floripa, de fechar uma rua central, pintá-la e transformá-la em passeio público, poderia muito bem ser replicada aqui - quem sabe, incluída no projeto de revitalização da área central. Por que não?
A Rua Cor de Rosa de Lisboa
Na capital de Portugal, uma via antes decrépita e suja se transformou em uma das mais badaladas da noite de Lisboa. Isso ocorreu depois de um processo de revitalização e, em especial, da pintura do piso.
A Rua Cor de Rosa, no Cais do Sodré, passou a atrair turistas do mundo inteiro e virou um ponto de barzinhos animados e concorridos. O projeto de intervenção urbana teve início em 2011 e se consolidou em 2013. Valeu o esforço. É outro bom exemplo de como a arte pode ajudar a recuperar áreas degradadas.