![Ricardo Stuckert / Presidência da República/ Divulgação Ricardo Stuckert / Presidência da República/ Divulgação](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/6/7/4/1/7/8/4_0229ca3fe1c0081/4871476_cea93b4d8d78993.jpg?w=700)
O presidente Lula já havia dado o recado. Em setembro, em meio à pressão para que indicasse uma jurista negra à vaga aberta com a saída da gaúcha Rosa Weber do Supremo Tribunal Federal (STF), ele avisou: não pretendia se pautar pelo critério de gênero nem da cor da pele para escolher o nome para substituir Rosa. Foi um balde de água fria na militância e em quem defende maior diversidade nos cargos de poder, em um país múltiplo como o nosso.
Nesta segunda-feira (27), a decisão se confirmou, e Lula perdeu uma oportunidade histórica.
Ao escolher para a função o ministro da Justiça, Flávio Dino, seu amigo pessoal, ele reduziu a presença feminina na Corte. A partir de agora, haverá apenas uma ministra - Cármen Lúcia - entre os 11 membros do STF.
A indicação ainda precisa passar no crivo do Senado, mas, historicamente, não há reveses. A opção presidencial costuma ser aprovada.
No primeiro semestre, o presidente já havia definido seu advogado particular, Cristiano Zanin, para primeira a vaga aberta neste ano. Foi um erro.
Agora, mais uma vez, opta por um aliado. Ainda que Dino seja qualificado, com longa e respeitada carreira jurídica e formação sólida, enfrentará as mesmas críticas que Zanin pela proximidade com o presidente.
Além disso, com a escolha dele para a vaga de Rosa, a representatividade feminina ficará em apenas 9% na Corte. A título de comparação, é a segunda mais baixa da América Latina, segundo levantamento do jornal Folha de S.Paulo, atrás apenas da Argentina.
Se as mulheres são mais da metade da população brasileira, é mais do que justo que dividam os espaços com os homens, inclusive nos tribunais. Quanto à cor da pele, em 2022, 10,6% dos brasileiros se declararam pretos ao IBGE e 45,3%, pardos. Já passou da hora de todos terem direito a representatividade. Bons nomes não faltam.