Engana-se quem demoniza o agronegócio e associa, de forma açodada, o trabalho de milhares de produtores rurais a práticas insustentáveis, danosas e agressivas ao meio ambiente. Adaptando a famosa frase de Nelson Rodrigues, a generalidade é burra. É um erro generalizar.
É evidente que o desmatamento ilegal e as queimadas precisam acabar e que ainda há um longo caminho pela frente na conservação de biomas, mas também está claro que já passou da hora de conhecermos - e reconhecermos - os esforços em torno da agricultura de baixo carbono. Eles existem.
Você sabia que o Brasil foi o primeiro país a adotar, em escala continental, o sistema de plantio direto (que protege o solo e ajuda a mitigar os gases do efeito estufa)? E que já temos produtores atuando no mercado de créditos de carbono? E que há um sistema chamado de integração lavoura-pecuária-floresta que contribui para recuperar áreas de pastagens degradadas? E que viceja a rotação de culturas? E que temos pequenos agricultores que já se definem como “agrofloresteiros”? Pois é. Há os maus exemplos, mas também há os bons.
A Expointer, que começa neste sábado (26) e vai até 3 de setembro no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, é uma oportunidade para saber mais sobre o assunto, ouvir quem vive da terra e entender o que está em pauta.
O Rio Grande do Sul tem avançado nas práticas verdes, e muitos agricultores já se deram conta de que não há mais como negar a emergência climática e o impacto do aquecimento global na produção.
Quem faz um trabalho sério já entendeu que é urgente focar em adaptações e reduzir as emissões de CO2, porque as reviravoltas do clima estão aí, basta olhar para fora. É questão de sobrevivência - e não só dos negócios.
No período que se sucedeu a Segunda Guerra, a Revolução Verde imputou profundas transformações no agro, levando inovações tecnológicas ao campo, para o bem e para o mal. Agora, me arrisco a dizer que estamos vivendo uma nova era, a da pós-Revolução Verde, em que estamos aprendendo (em alguns casos, a fórceps) que não há mais espaço para o negacionismo climático e para práticas predatórias.