Quem me acompanha, sabe: sou fã dos prefeitos de praça, que estão fazendo uma pequena revolução em áreas verdes da Capital. Sou, também, uma entusiasta da adoção de espaços públicos, a melhor forma de parceria que uma cidade pode ter, porque estimula a sensação de pertencimento.
No caso dos gestores voluntários, 296 pessoas já dedicam parte do tempo a ajudar a prefeitura a cuidar de locais de uso coletivo - sem ganhar um tostão por isso. O número vem aumentando mês a mês. Com as adoções, não é diferente.
Desde que o programa "Seja Parceiro de Porto Alegre" surgiu, em 2021, a gestão municipal contabiliza 265 espaços públicos apadrinhados. São 106 praças e 143 canteiros e rótulas, além de 16 adoções consideradas especiais, de áreas mais amplas, como alguns viadutos, a Prainha do Iberê, as quadras esportivas e a pista de skate da Orla e o Sítio do Laçador.
A título de comparação, o primeiro ano do projeto - que vem sendo liderado com energia pela secretária Ana Pellini - registrou 51 praças e 87 canteiros e rótulas adotados. Somando tudo, o crescimento é de 80,4% em pouco mais de dois anos. A adesão tem sido surpreendente e mostra algo que merece ser destacado: o espírito de comunidade, tão raro em grandes cidades, onde, às vezes, a gente mal conhece o vizinho de porta.
Por trás dos números, estão empresas (pequenas, médias e grandes), entidades setoriais, condomínios, escolas, associações de bairro e pessoas físicas. Em contrapartida, os adotantes são autorizados a instalar placas de identificação nos locais, atrelando sua marca a uma ação positiva. É uma boa troca.
Quanto mais gente se engajar, melhor. Isso não significa que a prefeitura possa “cruzar os braços”. O desafio é responder à altura.
Busca ativa
A secretária Ana Pellini explica que há duas formas de firmar parcerias do tipo: uma delas, é quando o próprio interessado procura a prefeitura; a outra, é por meio de "busca ativa". Neste caso, a secretaria identifica áreas com potencial de adoção e publica editais chamando possíveis candidatos.
— É um projeto que vem dando muito certo. O poder público não consegue abraçar tudo, e o efeito dessas adoções nas comunidades é incrível. Aquilo que mais queríamos está acontecendo: as pessoas estão se sentindo donas dos espaços — diz Ana.
Na fila da adoção
Porto Alegre tem 696 praças, nove parques, 11 mil logradouros, 180 canteiros e 55 rótulas, entre outros espaços públicos. A maior parte ainda não foi adotada, mas pode receber o apoio da população.
Por meio do programa "Seja Parceiro de Porto Alegre", podem ser adotadas, inclusive, passarelas, passeios, fachadas de prédios públicos, monumentos, pontes e equipamentos esportivos. Além da adoção da totalidade do espaço, pode-se optar por equipamentos específicos como, por exemplo, banheiros, bancos, quadras de esportes, etc.
Quem quiser ser parceiro ou desejar contribuir com alguma doação (como tintas, por exemplo), basta enviar mensagem para apoiepoa@portoalegre.rs.gov.br.
Polêmica da vez
Fez bem o prefeito Sebastião Melo ao suspender - após protesto de moradores - a tramitação de um projeto que precisa ser melhor discutido. A proposta é alienar parte de uma praça no Centro Histórico (chamada Família Imigrante) para uso de um cartório.
Diante da polêmica em torno do assunto, a prefeitura sustenta que a área representa menos de um terço do local, que a vizinhança estava a par da medida e que o cartório irá adotar a praça e criar um espaço cultural ali.
Só que o assunto não está pacificado - do contrário, não teria havido uma manifestação contrária na última segunda-feira (28). É justo que quem vive no entorno queira saber mais detalhes e entender exatamente o que será feito, até porque vender praça é novidade.