Lá estava eu, correndo os olhos na timeline, quando duas imagens, reproduzindo desenhos infantis, me detiveram. Ambas as ilustrações mostravam a forma como crianças haviam representado, visualmente, o caminho que faziam para a escola. Um dos esboços era rico em detalhes, colorido, mostrando uma igreja, um cinema e até as flores do percurso. O outro, mais simples, exibia apenas uma estrada cinza e sem graça. O que significava aquilo?
Fui pesquisar sobre o assunto. Descobri que os dois autores eram meninos de sete anos e frequentavam o mesmo colégio na cidade de Balzers, localizada ao sul do Principado de Liechtenstein, entre a Áustria e a Suíça. Os desenhos da dupla – e de outros meninos e meninas da localidade – foram analisados por um membro do Centro de Pesquisa e Documentação para Crianças e Meio Ambiente, na Suíça.
Em uma apresentação intitulada “Ich gehe, also bin ich!” (algo como “ando, logo existo!”, em alemão), Marco Hüttenmoser fez uma análise sobre como a forma com que os pequenos se relacionam com a vida à sua volta influencia o desenvolvimento e a visão de mundo de cada um.
Resumindo: o dono do desenho rico de detalhes ia para a escola a pé. Já o seu colega, do desenho “vazio”, fazia o trajeto de carro, sentado em uma cadeirinha no banco de trás do veículo, sem conseguir ver tudo aquilo o que o amigo era capaz de enxergar na rua.
Se a gente pensar bem, é curioso como isso também vale para nós, adultos. Em uma viagem, por exemplo, uma boa caminhada sempre é bem-vinda, porque é “assim que se conhece de verdade um lugar”.
É claro que, no caso das crianças (e de todos nós), há outros aspectos a levar em conta, como a segurança. Nem sempre, em grandes cidades, é possível levar o filho ou a filha ao colégio caminhando. Há o risco de assaltos, de vias sem sinalização e até de encontrar um motorista descuidado pela frente. Ainda assim, vale a reflexão. Andar faz bem.