
Nem Rebeca Andrade, que acaba de conquistar o título mundial de ginástica artística e inscrever o nome no panteão dos grandes atletas brasileiros, escapou da patrulha política. Depois de ter curtido posts favoráveis ao presidente da República Jair Bolsonaro, a esportista foi alvo de ataques, de críticas e de questionamentos nas redes sociais e acabou sendo obrigada a "se explicar" na noite desta terça-feira (8). A que ponto chegamos.
Rebeca curtiu duas postagens com conteúdo bolsonarista nos últimos dias. Foi o bastante para ser "cancelada" por quem votou em Lula e chamada de "burra" e de "alienada" - para não dizer o resto.
A reação levou a ginasta a publicar uma nota em seu perfil no Instagram (veja abaixo) para dizer que jamais usou sua condição de atleta para falar de política e que curtiu os tais posts "sem que tivesse visto os conteúdos, como pode acontecer com todo mundo". Segundo ela, foi "um erro involuntário". Rebeca até pediu desculpas. Como se precisasse.
As mesmas pessoas que - com razão - denunciam a perseguição política e as infames listas de boicote criadas por apoiadores de Bolsonaro, perseguiram e boicotaram uma atleta por dois "likes", para usar a linguagem das redes. Depois que ela recuou, foi "perdoada".
Quem me acompanha, sabe que alertei, ao longo da semana, para os perigos da intolerância, que avança de forma assustadora no país. Por isso mesmo, decidi que não deveria silenciar agora.
Rebeca pode ter curtido os posts pró-Bolsonaro de forma voluntária ou involuntária, não importa. Ela tem o direito de expressar posições dentro das regras democráticas, sejam elas quais forem. Podemos discordar, podemos lamentar. Mesmo assim, nossa campeã merece respeito. E isso vale para todos. É um equívoco combater a intransigência com mais intransigência.