O jornalista Caio Cigana colabora com a colunista Juliana Bublitz, titular deste espaço
O aumento do preço da gasolina nos últimos anos tem contribuído para outro fenômeno, além da maior procura da população por motocicletas: a busca por automóveis com motor 1.0, considerados mais econômicos no consumo de combustíveis. São ainda mais baratos em comparação com carros mais potentes, outro fator que faz a demanda crescer em meio a um período de economia e renda claudicantes.
Os dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) ilustram a situação. Em maio, 51,9% dos automóveis de passeio emplacados no país tinham motoração mil. Um ano atrás, o percentual era de 43%. No acumulado dos cinco primeiros meses de 2022, a fatia ficou em 48%, quatro pontos percentuais acima do fechamento do ano passado.
Se hoje os automóveis 1.0 respondem por metade do mercado, há não muito chegaram a ser em torno de apenas um terço, como em 2016 (ver quadro).
Especialista no setor, Milad Kalume Neto, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Jato do Brasil, consultoria de origem inglesa, aponta que a melhor relação custo-benefício explica o movimento. Segundo ele, houve uma mudança no perfil dos motores nos últimos anos.
– Hoje motores 1.0 possuem a mesma potência dos 1.4 ou 1.6 de alguns anos atrás. O Inovar-Auto (programa de incentivo à inovação tecnológica) e as regras de eficiência energética previstas inicialmente neste marco legal deram uma nova vida ao segmento dos motores 1.0 – explica.
Dessa forma, acrescenta Kalume Neto, além de ser uma opção mais econômica, esses motores puderam começar a ser utilizados em uma faixa de modelos mais ampla.